domingo, 30 de setembro de 2007

Ecodesenvolvimento - evolução histórica

Em 1972, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, conhecida como Conferência de Estocolmo, era claro o impasse entre os países pobres que defendiam o crescimento a qualquer custo e os países ricos que propunham crescimento zero.
Os conflitos eram decorrentes da visão de desenvolvimento e o papel que o meio ambiente possuia para cada país. Pela primeira vez, foram discutidas estas visões com os governantes dos países e seus representantes. Como resultado, os dirigentes da Conferência de Estocolmo procuraram aproveitar as contribuições positivas de ambas as posições (vide maiores detalhes no meu blog) e foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
Em junho de 1973, em reunião do Conselho Administrativo do PNUMA, em Genebra, surgiu a proposta de uma via intermediária, com o nome de ecodesenvolvimento, formulada pelo canadense Maurice Strong (Diretor Executivo do PNUMA). Apesar de surgido com Strong, o conceito de ecodesenvolvimento foi ampliado por Ignacy Sachs, agregando, além das questões ambientais, as sociais, as de gestão participativa, a ética e a cultura.
Ignacy Sachs delineou seis aspectos fundamentais que deveriam guiar o desenvolvimento, quais sejam:
a) a satisfação das necessidades básicas;
b) a solidariedade com as gerações futuras;
c) a participação da população envolvida;
d) a preservação dos recursos naturais e do meio ambiente em geral;
e) a elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas
f) programas de educação
O conceito de desenvolvimento passou a ter uma face qualitativa e inter-geracional, que até então não fora levado em conta (isso não quer dizer que a situação mudou, mas sim que se começou a discutir outra abordagem). Com isso, a concepção de desenvolvimento passou a incluir tanto o o aumento do produto econômico (PIB) quanto a preocupação com seus impactos sociais e ambientais e inter-geracionais, ou seja, significou uma nova forma de pensar o mundo e a relação do homem com o meio ambiente.
Sachs (1976) escreveu: "Promover o ecodesenvolvimento é, no essencial, ajudar as populações envolvidas a se organizar a se educar, para que elas repensem seus problemas, identifiquem as suas necessidades e os recursos potenciais para conceber e realizar um futuro digno de ser vivido, conforme os postulados de Justiça social e prudência ecológica".

A teoria do ecodesenvolvimento, com Strong, levou em conta as regiões rurais da África, Ásia e América Latina, que sofreram enorme e incomensuravel extração de seus recursos naturais com a superutilização dos solos para pagamento de dívida externa, ou seja, para o desenvolvimento industrial da europa. Com Sachs, a visão se amplia e passa a expressar uma relação até então não explicitada teoricamente de que a má distribuição dos frutos do crescimento econômico e os desequilíbrios ambientais são provocados pelo ritmo de produção e incorporação das matérias-primas existentes na natureza .
Os elementos que, até então, eram centrais nas teorias do desenvolvimento, ou seja alcançar a sociedade do bem-estar, via níveis crescentes de produção, passaram a ser questionados já que existem limites físicos, ambientais, sociais e culturais, que se expressavam pelo esgotamento dos recursos naturais, a crise energética e os desequilíbrios ambientais locais e globais. Foi e é uma clara crítica às concepções teóricas vigentes de crescimento e industrialização e aos interesses das sociedades altamente industrializadas, na medida que as responsabilizava pela geração de desigualdades sociais e economicas.
Sachs usa hoje freqüentemente os conceitos ecodesenvolvimento e desenvolvimento sustentável como sinônimos.

3 comentários:

Unknown disse...

Amália gostaria de citá-la em meu trabalho. Por favor me informe como ficaria a referência. Obrigada.

Anônimo disse...

Achei o final contraditório, ecodesenvolvimento e desenvolvimento sustetável, apesar de em alguns principios serem parecidos, na essência não são a mesma coisa. Se possível, dá uma olhada aqui neste texto (http://material.nerea-investiga.org/publicacoes/user_35/FICH_PT_32.pdf) para ver o que você acha.
Parabéns pelo blog, precisamos desde já ter essa consciencia em todas as profissões.

Anônimo disse...

Se o próprio Sachs está dizendo, o que tem de contraditório? Sachs já utilizou o termo ecodesenvolvimento de forma ampliada. E Maurice Strong continuou secretário na Rio92, a qual adotou o termo desenvolvimento sustentável.