domingo, 27 de setembro de 2009

Limites do crescimento: continuação do capítulo 1

Só para esclarecer, estou reproduzindo "Limites do crescimento", com todos os parágrafos referenciados.
Para acompanhar, veja os números das páginas, pois, os mesmos estão na sequência.

Crescimento da população mundial



A curva de crescimento exponencial da população mostra que, em 1650, a população era de 0,5 bilhão e estava crescendo a uma taxa de aproximadamente 0,3% ao ano. Isso corresponde a um período de duplicação de quase 250 anos. Em 1970, a população totalizava 3,6 bilhões e a txa de crescimento era de 2,1% ao ano. O período de duplicação correspondente a esta taxa de crescimento é de 33 anos. Assim, não só a população vem crescendo exponencialmente, mas a taxa de crescimento também vem aumentando. Podemos dizer que o crescimento da população tem sido “super” exponencial; a curva da população esta subindo mais rapidamente do que o faria se o crescimento fosse estritamente exponencial (Meadows et al., 1972, p.31)
A estrutura do ciclo de realimentação que representa o comportamento dinâmico do crescimento da população é mostrado abaixo:



à esquerda está o ciclo positivo de realimentação responsável pelo crescimento exponencial observado. Em uma população com fertilidade média constante, quanto maior a população mais crianças nascerão a cada ano. Quanto mais crianças tanto maior a população no ano seguinte. Depois de uma pausa, para permitir que estas crianças cresçam e se tornem pais, ainda mais crianças nascerão, aumentando a população ainda mais. Um crescimento constante continuará enquanto a fertilidade permanecer constante. Se, por exemplo, além de filhos homens, cada mulher tiver em média duas filhas mulheres e cada uma delas crescer e tiver outras duas filhas, a população dobrará em cada geração. A taxa de crescimento dependerá tanto da fertilidade média quanto da duração da pausa entre as gerações. (Meadows et al., 1972, p.31)
É claro que a fertilidade não é necessariamente constante, e no cap.III discutiremos alguns dos fatores que a fazem variar. (Meadows et al., 1972, p.31-32)
Há um outro ciclo de realimentação que governa o crescimento da população, e que é visto à direita do diagrama acima. Trata-se do ciclo negativo de realimentação. Enquanto os ciclos positivos de realimentação causam um crescimento desenfreado, os ciclos negativos de realimentação tendem a regular o crescimento e a manter um sistema em uma condição de certo modo estável. Seu comportamento é muito parecido com o de um termostato que controla a temperatura de uma sala. Se a temperatura cai, o termostato ativa o sistema de aquecimento o qual faz a temperatura subir novamente. Quando a temperatura atinge o seu limite, o termostato desliga o sistema de aquecimento e a temperatura começa a cair. Num ciclo negativo de realimentação, uma alteração em um dos elementos propaga-se em torno do circulo até que ele venha mudar aquele elemento para a direção contrária à alteração inicial (Meadows et al., 1972, p.32)
O ciclo negativo de realimentação que controla a população baseia-se na média de mortalidade, que é um reflexo da saúde geral da população. O número de mortes por ano é igual à população total multiplicada pela média de mortalidade (a qual a gente pode considerar como sendo a probabilidade média de mortes em qualquer idade). O aumento de uma população com média constante de mortalidade resultará em maior numero de mortes por ano. Um aumento no numero de mortes diminuirá a população, e assim haverá menor número de mortes, no ano seguinte. Se em média, 5% da população morrem anualmente, haverá por ano 500 mortes numa população de 10.000 habitantes. Admitindo-se, por enquanto, que não haja nascimentos, restariam 9.500 pessoas no ano seguinte. Se a probabilidade de morte for ainda 5% haverá, somente, 475 mortes nesta população diminuída, restando 9.025 pessoas. No ano seguinte haverá sometne 452 mortes. Mais uma vez, ocorre um retardamento neste ciclo de realimentação, porque a taxa de mortalidade é uma função da idade média da população. Além disso, é claro que a mortalidade, mesmo numa determinada idade, não é necessariamente constante. (Meadows et al., 1972, p.32)
Se não ouvesse mortes numa população, ela cresceria exponencialmente, em virtude do ciclo positivo de realimentação dos nascimentos. Se não houvesse nascimentos, a população declinaria até zero, por causa do ciclo negativo de realimentação das mortes. Uma vez que toda a população verdadeira está sujeita tanto a nascimentos como as mortes, bem como a uma fertilidade e uma mortalidade variáveis, o comportamento dinâmico de populações controladas por estes dois ciclos de realimentação engrenados entre si pode tornar-se bem complicado (Meadows et al., 1972, p.33)
Qual a causa do recente aumento superexponenial da população mundial? Antes da Revolução Industrial, a fertilidade e a mortalidade eram, comparativamente, altas e irregulares. A taxa de natalidade, em geral, superava, apenas levemente a taxa de mortalidade, e a população crescia exponencialmente, mas a uma taxa baixa e irregular.(Meadows et al., 1972, p.33 e35)
Em 1650, a média de duração da vida da maioria das populações no mundo era apenas de cerca de 30 anos. Desde então, a humanidade desenvolveu muitas técnicas que afetaram profundamente o sistema de crescimento da população, especialmente as taxas de mortalidade. Com a difusão da medicina moderna, de técnicas de saúde pública e de novos métodos de produção e distribuição de alimentos, as taxas de mortalidade caíram no mundo inteiro. A probabilidade média mundial de vida é, atualmente, de cerca de 53 anos, e continua aumentando. Em média mundial, o acréscimo ao nível do ciclo positivo de realimentação (fertilidade) decresceu apenas ligeiramente enquanto que o acrescimento ao nível do ciclo negativo de realimentação (mortalidade) continua decrescendo. O resultado é a crescente predominância do ciclo positivo de realimentação determinando o visível cresciemtno exponencial da população (Meadows et al., 1972, p.35)
O que dizer da população do futuro? Como podemos prolongar a curva de população através do século XXI. Teremos mais a dizer sobre isto nos caps 3 e 4. pro enquanto, podemos inferir, sem medo de errar, que devido aos retardamentos nos ciclos de realimentação controladores, especialmente no ciclo positivo de nascientos, não existe possibilidade de se nivelar a curva de crescimento da população antes do ano 2000, mesmo com as hipóteses mais otimistas sobre o decréscimo da fertilidade. Em sua maioria, os futuros pais do ano 2000 já nasceram. A menos que haja um aumento pronunciado da mortalidade, o que a humanidade, sem duvida, tentará impedir por todos os modos, podemos esperar uma população de cerca de 7 bilhoes de habitantes dentro de 30 anos. E, se continuarmos a ter êxito na redução da mortalidade, sem melhores sucessos na redução da fertilidade, que os obtidos no passado, em 60 anos haverá 4 pessoas no mundo para cada pessoa que vive hoje (Meadows et al., 1972, p.35)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

LImites do crescimento: Clube de Roma - capítulo 1

1. A NATUREZA DO CRESCIMENTO EXPONENCIAL
Atualmente achamos que ter cinco filhos não é demais; e cada filho também produz cinco filhos, e antes da morte do avô já serão 25 os descendentes. Logo, a população aumenta e a riqueza diminui; o povo trabalha com afinco e recebe pouco
Han Fri-Tzu, c.500 a.C (in p.25)


Todos os cinco elementos básicos para o estudo apresentado aqui - população, produção de alimentos, industrialização, poluição e consumo de riquezas naturais não renováveis – estão aumentando/ o montante do seu crescimento anual segue um padrão que os matemáticos chamam de crescimento exponencial..(Meadows et al, 1972, p.23)
Quase todas as atividades correntes da humanidade, desde o emprego de fertilizantes até a expansão das cidades, podem ser representadas por curvas de crescimento exponencial. Vamos ver as suas características gerais (Meadows et al, 1972, P.23)

A matemática do crescimento exponencial
A maioria das pessoas está acostumada a pensar em crescimento como um processo linear. Uma quantidade cresce linearmente quando seu aumento é constante em um período constante de tempo (Meadows et al, 1972, p.23).
Uma quantidade apresenta crescimento exponencial quando cresce a uma percentagem constante do total, em um período constante de tempo, continuamente à medida que aumenta o montante acumulado. Tal crescimento exponencial é um processo comum nos sistemas biológico e financeiro e em muitos outros sistemas existentes no mundo (Meadows et al, 1972, p.25)
Embora comumente observado, o crescimento exponencial pode traduzir resultados surpreendentes. Diz uma velha lenda persa que um inteligente cortesão fez presente ao rei de um tabuleiro xadrez e pediu ao monarca que, em retribuição, lhe desse um grão de arroz para o primeiro quadrado do tabuleiro, dois para o segundo, quatro para o terceiro e assim por diante. Concordou prontamente o rei, e ordenou que trouxessem arroz dos seus celeiros. O quarto quadrado do tabuleiro exigiu 8 grãos, o décimo 512, o décimo quinto 16.384 e o vigésimo primeiro deu ao cortesão mais de um milhão de grãos de arroz. Lá pelo quadragésimo quadrado, um trilhão de grãos teve que ser trazido dos celeiros. Todo o suprimento de arroz do rei já se esgotara muito antes de ter sido atingido o sexagésimo quarto quadrado. O crescimento exponencial é enganador porque introduz números incríveis com muita rapidez (Meadows et al, 1972, p.25)
É útil pensarmos em crescimento exponencial em termos de tempo de duplicação ou o tempo que leva uma quantidade em crescimento para dobrar de tamanho. Uma soma de dinheiro depositada em um banco a juros de 7%, duplicará em 10 anos. Há uma relação simples entre a taxa de juros, ou o índice de crescimento. E o tepo que leva uma quantidade para duplicar em tamanho. O tempo de duplicação é aproximadamente igual a 70 dividido pelo índice de crescimento, como ilustrado na tabela 01.

Tabela 1. Período de duplicação
Taxa de crescimento (% anual)......... tempo de duplicação (em anos)
o,1 ............................................................... 700
o,5 ...............................................................140
1,0 .............. ..................................................70
2,0 .................................................................35
4,0 ................................................................ 18
5,0 .................................................................14
7,0 ......... ...................................................... 10
10,0 .............................................................. 07
Fonte: Meadows et.al.(1972, p.27).

Modelos e crescimento exponencial
O crescimento exponencial é um fenômeno dinâmico, isto é, envolve elementos que mudam durante um período de tempo. Em um sistema simples, como conta bancária ou o lago de nenúfares, a causa do crescimento exponencial é fácil de ser entendido. Contudo, quando muitas quantidades diferentes crescem simultaneamente em um sistema e quando todas elas se correlacionam de maneira complicada, a análise das causas do crescimento e do comportamento futuro do sistema torna-se realmente muito difícil (Meadows et al, 1972, p.27)
Será que o crescimento da população causa a industrialização ou o contrário, é a industrialização que determina o crescimento da população? Será que qualquer um destes elemetnos é responsável, individualmente, pelo aumento da poluição ou ambos são responsáveis? Da maior produção de alimentos resultara um população mair? Se qualquer um destes elementos crescer mais lentamente, ou com maior rapidez, o que acontecerá com os índices de crescimento de todos os demais? Estas mesmas questões estão sendo dsicutidas, hoje em dia, em muitas partes do mundo (Meadows et al, 1972, p.27)
No decorrer dos últimos 30 anos,desenvolveu-se no Massachusetts Institute of Technology, um novo método chamado System Dynamics. A base do método é o reconhecimento de que a estrutura de qualquer sistema – as numerosas relações circulares, interligadas e algumas vezes retardada, entre seus componentes - é muitas vezes tão importante na determinação de seu comportamento, quanto os próprios componentes em separado. O modelo descrito neste livro é um modelo de dinâmica de sistemas (Meadows et al, 1972, p.28).
A teoria de modelação dinâmica indica que qualquer quantidade, crescendo exponencialmente, está comprometida, de certo modo, com um ciclo positivo de realimentação. Um ciclo positivo de realimentação é algumas vezes denominado u “circulo vicioso”. Um exemplo disso é a conhecida espiral de salário-preço: os salários aumentam, causando um aumento de preços, que levam a exisgencias de salários mais altos, e assim por diante. Em um ciclo positivo de realimentação uma série de relações de causa e efeito se fecha em si mesma de forma que qualquer elemento, crescendo no ciclo iniciará uma seqüência de mudanças que resultarão num acréscimo ainda maior do elemento originalmente aumentado (Meadows et al, 1972, p.28).
O ciclo positivo de realimentação responsável pelo crescimento exponencial de dinheiro numa conta bancária pode ser representado da seguinte forma (Meadows et al, 1972, p.28):
Suponhamos que 100 dólares são depositados na conta bancária. Os juros do primeiro ano são 7% sobre 100 dólares, ou seja, 7 dólares que são somados à conta, perfazendo um total de 107 dólares. Os juros do ano seguinte são 7% sobre 107 dólares, ou 7,49 que perfazem um total de 114,49 dólares. Quanto mais dinheiro houver na conta, mais será acrescentado, cada ano, em juros. E quanto mais for acrescentado, mais haverá na conta no ano seguinte, fazendo com que mais ainda seja adicionado em juros. E assim por diante. À medida que percorremos o ciclo, o dinheiro acumulado na conta bancária cresce exponencialmente a taxa constante de juros (a 7%) determina o lucro no percurso do ciclo, isto é, a taxa à qual cresce a cnta bancária (Meadows et al, 1972, p.29)
Podemos começar nossa analise dinâmica da situação mundial a longo prazo, procurando os ciclos positivos de realimentação que são fundamentais para o crescimento exponencial nas cinco quantidades físicas mencionadas. Em particular, os índices de crescimento de dois destes elementos - população e industrialização - são de interesse, uma vez que o alvo de muitas políticas de desenvolvimento é encorajar o crescimento da segunda em relação à primeira. Teoricamente, os dois ciclos positivos básicos de realimentação, responsáveis, pelo crescimento exponencial da população e da industria são simples. As muitas conexões entre estes dois ciclos positivos de realimentação exercem influencia na ampliação ou diminuição da ação dos ciclos, ou na conjugação ou não das taxas de crescimento da população com as da industria. Estas conexões constituem o restante do modelo do mundo e sua descrição ocupará a maior parte do que ainda falta para ser abordado neste livro (Meadows et al, 1972, p.29).

domingo, 28 de junho de 2009

Limites do crescimento: Clube de Roma - Prefácio e Introdução

Vou reproduzir, com números de páginas, os capitulos do livro Limites do crescimento

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: MEADOWS, Donella H; MEADOWS, Dennis L.; RANDERS, Jørgen; BEHRENS III, William W. – Limites do crescimento, SP: Editora Perspectiva AS, 1973.

O livro original foi publicado em 1972.

PREFÁCIO

O Clube de Roma nasceu, em abril de 1968, em um encontro de trinta pessoas de dez países. Esse grupo era formado por cientistas, educadores, economistas, humanistas, industriais e funcionários públicos de nível nacional e internacional. Eles se reuniram na Academia dei Lincei, em Roma – Itália instados pelo Dr. Aurélio Peccei, empresário e economista, para discutir os dilemas atuais e futuros do homem. (P.9)

O CLUBE DE ROMA

Deste encontro nasceu o Clube de Roma, uma organização informal, descrita com muita propriedade, como um “colégio invisível”. Suas finalidades são promover o entendimento dos componentes variados, mas interdependentes – econômicos, políticos, naturais e sociais – que formam o sistema global em que vivemos; chamar a atenção dos que são responsáveis por decisões de alto alcance, e do público do mundo inteiro, para aquele novo modo de entender, e, assim, promover novas iniciativas e planos de ação.

O Clube de Roma continua sendo uma associação informal e internacional, com um quadro de associaoes de vinte e cinco nacionalidades. Nenhum de seus membros ocupa cargos eletivos e o grupo não procura expressar qualquer ponto de vista particular, seja ideológico, político ou nacional. Contudo, todos estão unidos pela profunda convicção de que os grandes problemas que desafiam a humanidade são de tanta complexidade e os planos de ação tradicionais já não são capazes de superá-los, nem mesmo de enfrentá-los em seu conjunto.

A formação dos membros é variada, portanto. Citam-se o Dr. Aurélio Peccei, que é associado à Fiat e à Olivetti e administra uma firma consultora para o Desenvolvimento Econômica e de Engenharia, a Italconsult.; Hugo Thiemann, chefe do Battelle Institute em Genebra; Saburo Okita, chefe do Japan Economic Research e mais 15 membros do MIT (dentre eles, os doutores Dennis L Meadows, como diretor; Peter Milling, com estudos do capital; Roger F. Naill e William W. Behrens III sobre reservas; Farhard Hakimzadeh, Donella H. Meadows e Nirmala S. Murthy sobre população; Jay M. Anderson, Alison A. Anderson e Jorgen Randers sobre poluição; dentre outros)

O PROJETO SOBRE O DILEMA DA HUMANIDADE

O objetivo do Clube de Roma, hoje uma ONG e na época uma organização informal, era examinar o complexo de problemas, que afligem os povos de todas as nações, como a pobreza em meio à abundância; perda de confiança nas instituições; expansão urbana descontrolada; insegurança de emprego; alienação e outros transtornos econômicos e monetários. Estes elementos, aparentemente, divergentes da “problemática mundial” têm três características em comum: ocorrem até certo ponto em todas as sociedades; contém elementos técnicos, econômicos e políticos; e, o que é mais importante, atuam uns sobre os outros (Meadows et al, 1972, p. 11)

O dilema da humanidade é que o homem pode perceber a problemática e, no entanto, apesar de seu considerável conhecimento e habilidades, ele não compreende as origens, o significado e as correlações de seus vários componentes e, assim, é incapaz de planejar soluções eficazes. Fracasso que ocorre, em grande parte, porque continuamos a examinar elementos isolados na problemática, sem compreender que o todo é maior do que suas partes; que a mudança em um dos elementos significa mudança nos demais (idem, 1972, p.11)

A fase um do projeto sobre o dilema da humanidade convretizou-se, definitivamente, nos encontros mantidos no verão de 1970 em Berna, Suíça, e em Cambridge, Estado de Massachusetts. Em uma conferencia de duas semanas, em Cambridge, o Prof. Jay Forreste, do Massachusetts Institute of Technology (MIT) apresentou um modelo global que permitiu a identificação nitida de muitos compnentes especificiso da problemática e sugeriu uma técnica para analisar o comportamento e as relações dos mais importantes componentes. A apresentação levou ao começo da Fase Um do Projeto no MIT, onde o trabalho pioneiro do Prof. Forrester e de outros, no campo das Dinâmicas de Sistema, já havia cirado u grupo de especialistas excepcionalmente adequado às exigências da pesquisa (pag.11).

O estudo da Fase Um foi dirigido por uma equipe internacional sob a direção do Porf. Dennis Meadows, com o apoio financeiro da Volkswagen Foundation. A equipe examinou os cinco fatores básicos que determinam e, por conseguinte, em última análise limitam o crescimento em nosso planeta – população, produção agrícola, recursos naturais, produção industrial e poluição. A pesquisa já está terminada. Este livro é o primeiro relato dos resultados, e é editado para o público em geral (pág.11-12).

Um desafio global
É com autentico orgulho e prazer que a Associação Potomac associa-se ao Clube de Roma e ao grupo de pesquisas do MIT na publicação de Limites do Crescimento.

Assim como o Clube de Roma, somos uma organização jovem e acreditamos que os objetivos do Clube são muito semelhantes aos nossos. Nosso propósito é chamar a atenção de todos aqueles que se interessam pela qualidade e direção de nossa viagem e ajudam a dirigi-la, para novas idéias, novos métodos de analise e novos modos de abordar persistentes problemas nacionais e internacionais. Por isso, estamos felizes de poder tornar acessível, através de nosso programa de publicações, este trabalho ousado e magnífico.

Esperamos que Limites do Crescimento desperte a atenção crítica e suscite debate em todas as sociedades. Esperamos que ele estimule caa leitor a pensar nas conseqüências de uma prolongada equação entre crescimento e progresso. E esperamos que ele leve mulheres e homens sérios, em todos os ramos de atividades, a considerarem a necessidade de uma ação conjunta, agora, se quisermos preservar para nós e para nossos filhos a habitabilidade deste planeta.


William Watts
Presidente da Associação Potomac (pág.12).

domingo, 29 de março de 2009

A primavera silenciosa (Silent Spring)

Vou falar sobre o livro A primavera silenciosa, de Rachel Carson, que me impressionou desde o começo. A introdução - Uma fábula para o amanhã – descreve uma cidade americana ficticia que, com o tempo, toda vida — desde os peixes, os pássaros, até as crianças — foi silenciadas pelos efeitos do DDT. Ela adverte que a descrição não corresponde a alguma cidade, mas que cada parte dela é a realidade de alguma cidade.
Ele é um dos livros clássicos que todos os ambientalistas, estudiosos e curiosos da causa ambiental deveriam ler.

Rachel Carson era bióloga e pesquisadora. Em 1945, diante dos testes realizados com DDT, em Maryland, perto de onde vivia, ela propôs um artigo para o Reader's Digest sobre os mesmos, que foi rejeitado. Em 1958, diante da grande mortandade de pássaros, em Cape Cod (Cabo Cod), no extremo leste de Massassuchets, resolveu tomar novamente a iniciativa de publicar em uma revista, sobre os perigos das pulverizações com o DDT. Não conseguiu publicar a sua opinião e, como pesquisadora e escritora reconhecida, decidiu publicar um livro. A Primavera Silenciosa levou quatro anos para ser terminado e seu pocket book foi publicado em 1962, pela Fawcet Crest Book e vendido a 95 centavos de dólar (tenho-o em português e quem o quiser, em meio digital, eu anexo o site, onde está gratuitamente disponível ).

Seu sucesso se deve à exposição, de maneira clara ao público, de crimes ambientais e mortes de peixes, animais silvestres, principalmente, dos pássaros (o silêncio do canto dos pássaros, na primavera), ou seja, de fatos registrados oficialmente e não divulgados ao público (conhecemos bem essa história, infelizmente, não somente com relação ao meio ambiente), cuja responsabilidade ela atribuiu aos inseticidas.

O livro é um alerta sobre a má utilização dos pesticidas e inseticidas e seus impactos sobre o meio ambiente e sobre o próprio Homem. A autora diz “nós permitimos que esses produtos químicos fossem utilizados com pouca ou nenhuma pesquisa prévia sobre seu efeito no solo, na água, animais selvagens e sobre o próprio homem”.

O foco do trabalho é o uso do DDT (Dicloro-difenil-tricloretano), produto químico sintetizado em 1874, por estudante alemão e, por um tempo, esquecido. Em 1939, as propriedades inseticidas foram descobertas pelo entomologista suíço Paul Hermann Müller, da Geigy Pharmaceutical, que ganhou o Prêmio Nobel da Medicina, em 1948, devido ao uso do DDT no combate à malária.
Foi usado na II Guerra mundial para matar insetos que atacavam os soldados e podiam causar o tifo e para combater o piolho. Seu uso se estendeu a agropecuária, devido ao baixo preço e eficiência. Na África para largamente utilizado para combater o mosquito transmissor da malária (o mosquito Anopheles)
Carson demonstra que o DDT contribuia para a extinção de algumas espécies de pássaros, tais como o falcão peregrino e a águia careca, animal símbolo dos EUA e, ambos, topos da cadeia alimentar.
Ela mostrou que existia uma real possibidade de correlação de doenças crônicas com a aplicação do DDT. Estes residuos passavam a fazer parte da cadeia alimentar. Os resíduos de inseticidas organoclorados acumulavam-se nos tecidos gordurosos dos animais, inclusive do homem, o que poderia provocar câncer e dano genético. Absorvido pela pele ou nos alimentos, o acúmulo de DDT no organismo humano está relacionado com doenças do fígado, como a cirrose e o câncer.

Além da penetração do DDT na cadeia alimentar, Rachel mostrou que uma única aplicação de DDT em uma lavoura matava insetos por semanas e meses e atingia um número incontável de outras espécies, permanecendo tóxico no ambiente mesmo com sua diluição pela chuva.Resíduos do pesticida foram encontrados no leite de vaca e materno, em algumas regiões dos EUA, e em tecidos gordurosos dos pingüins e ursos polares do Ártico e em baleias da Groenlândia. Segundo o site do Gabeira, no Brasil, na década de 60, utilizava-se uma média de 1.200 gramas de inseticidas por hectare; essa média caiu para 69,5 em 1990.

O livro A Primavera Silenciosa, de grande repercussão nos EUA resultou em pressão por novas lei sobre os parlamentares. Após várias manifestações favoráveis aos etudos de Carson, o então presidente da república John Fritgerald Kennedy, convocou seu Comitê Assessor Científico e pediu investigação. O relatório foi favorável a ela. O Presidente Kennedy passou a supervisionar, com apoio do Departamento de Agricultura (USDA), o uso do DDT, até sua retirada para comercialização. No entanto, seis meses após o assassinato de Kenedy, começou a haver menor rigor e os ataques à vida pessoal de Carson. Primeiro, com a apresentação de uma carta do secretário da agricultura Ezra Taft Benson ao presidente Dwight David Eisenhower (período de 1953 a 1961), acusando-a de comunista (não se esqueçam que é a época do macartismo - Campanha radical direitista, no período de 1950 a 1954, pelo senador Joseph McCarthy e atingiu em grande escala os meios artístico e intelectual), arquivada sem provas.
Em seguida, foi acusada de ser homossexual (que desqualificava socialmente todos os acusados) devido a sua amizade com a escritora Doroty Freeman (1889-1978), que era vizinha e amiga. Enfim, as agressões tinham o objetivo de atingir moral e pessoalmente de maneira a colocar em duvidas o seu trabalho cientifico. As industrias como a Du Pont Company –fabricante do DDT e do herbicida 2,4-D - e da empresa Velsicon Chemical Company, produtora exclusiva dos inseticidas organoclorados clordano e heptacloro, fez com que utilizassem vários estratagemas no sentido de evitar a perda do mercado e de milhões. Os agricultores se opuseram energicamente, pois, defendiam que, sem inseticidas, o rendimento das colheitas diminuiria 90% .

Em 1962, com a publicação, ela compareceu a vários debates, em que era muito pressionada, embora estivesse bastante doente. Seu ultimo debate ocorreu no Comitê de Assessoramento Científico de Kennedy, em que mostrava fraqueza física. Faleceu em 14 de abril de 1964, com 56 anos, com câncer no seio que se estendeu até o fígado.
Em 1964, pressionado pela crescente pressão popular, o governo criou uma nova emenda à Lei FIFRA (Federal Inseticide, Fungicide and Rodenticide Act- Lei Federal de Inseticidas, Fungicidas & Raticidas)

Em 1980, o governo americano concedeu a Rachel Carson, in memoriam, a Presidential Medal of Freedom, a mais alta honraria concedida a civis.

Bem, Resíduos de pesticidas, especialmente organoclorados (DDT e metabólitos, BHC, aldrin, heptacloro e outros), estão nas áreas mais remotas da Terra. São transportados por grandes distâncias pelas correntes de ar e oceânicas, retidos no organismo de animais migrantes marinhos. Foram detectados nos Andes chilenos, em altitudes elevadas.

Um avanço é que, entre 4 e 10 de dezembro de 2000, na Assembléia Geral das Nações Unidas oito pesticidas foram considerados nocivos ao ambiente e à saúde e proscritos pelos países signatários, a saber: hexaclorobenzeno, endrin, dodecacloro, toxafeno, clordano, heptacloro, aldrin e dieldrin. Quanto ao DDT propôs-se que seja utilizado no controle de malária, pois países que o utilizam para este propósito, ainda necessitam de recursos e tempo para definir e implementar alternativas.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Limites do crescimento: Clube de Roma - Cont cap.4

Continuo a apresentar o capítulo 4 do Relatório do Clube de Roma ou o Relatório Meadow.

Efeitos colaterais da tecnologia

Efeito colateral segundo Dr. Garret Hardin são todos aqueles efeitos não previstos ou pelos quais não se quer passar, após um efeito principal.
No texto apresentado foram vistos os efeitos colaterais das novas técnicas, porém não pode ser levado em conta os efeitos colaterais sociais uma vez que, por se tratarem de dados não estáticos (seres humanos com vontades subjetivas), suas variações são imprevisíveis.
Um exemplo de efeito social colateral é Punjabi na Índia. Houve lá a Revolução Verde (utilização de novas variedades de sementes combinada com o uso de fertilizantes e pesticidas) que, como efeito principal, proporcionou aumento na produção, nos salários e empregos. Porém, Punjabi é uma terra de latifúndios e houve o agravamento da distribuição de terras no país. Pequenas fazendas não suportaram os aumentos dos salários e não tinham como investir nas novas sementes e alavancar a produção; ficaram ultrapassados e foram extintos do mercado. Além disso, os grandes latifundiários se capitalizaram e substituíram a mão-de-obra agrícola por máquinas. Houve o êxodo rural e o número de pobres e desnutridos no país aumentou.

Dados estatísticos do México, onde a revolução verde começou, na década de 40, oferecem outro exemplo. De 1940 a 1960, a taxa média de crescimento da produção agrícola, no México, foi de 5% ao ano. No entanto, de 1950 a 1960, o número médio de dias de trabalho de um trabalhador rural, sem terras, caiu de 194 para 100 e sua renda real decresceu de 68 dólares para 56. Além disso, 80% do aumento da produção agrícola vieram de, apenas, 3% das fazendas.
Esses efeitos sociais colaterais e inesperados não significam que a tecnologia, na revolução verde, tenha fracassado. Indicam que os efeitos sociais colaterais devem ser antecipados e interceptados antes que novas técnicas sejam adotadas em grande escala. A tecnologia pode mudar rapidamente, mas as instituições sociais, geralmente, mudam muito mais devagar e quase nunca mudam por antecipação e sim, somente. em resposta a uma ação.

Problemas sem Soluções Técnicas.
Segundo o livro Limites do Crescimento soluções técnicas são mudanças nas ciências naturais, que não exigem ou exigem pouco de mudanças nos valores humanos ou idéias de moralidade. Um exemplo disso é a construção de heliportos nos arranha-céus mais altos, muda o congestionamento das cidades para algumas pessoas, que desfrutaram da comodidade, sem interferir no valores humanos.
Mesmo com todas as soluções técnicas pode acontecer de um dia um problema não técnico impedir o crescimento da população e do capital. Um exemplo é o racismo ou a corrida armamentista, que exige medidas socio-culturais e não técnicas.

Uma escolha de limites

A tecnologia criou tanto crescimento no passado que fez ocorrer um novo fato social, em que toda a sociedade absorveu a cultura de superar os limites em vez de aprender a viver dentro deles.
Um exemplo visível de colapso em um sistema pequeno é a caça a baleias. A cada ano, por mais que se use tecnologia, o número de baleias pescadas vem caindo e caso não se aprenda a viver dentro dos limites da vida, as baleias sumirão e levarão consigo baleeiros e a indústria baleeira.
Uma alternativa é a imposição de um número de pescados anuais que possibilite a manutenção da vida gerando um ecossistema equilibrado para os humanos e a comunidade de cetáceos. Este exemplo de limite é enfrentado todos os dias pela sociedade. Os avanços tecnológicos superam os limites naturais, mas até quando (grifo meu)?
Há discordância se o crescimento populacional e de capital pararão em breve ou não, mas o que ninguém discorda é que o crescimento populacional e de capital, neste planeta, não poderá continuar para sempre.
Podem esperar até que o preço da tecnologia se torne mais caro do que os benefícios por ela trazidos, esperar pelos efeitos colaterais ou, até mesmo, pelos problemas sem soluções técnicas, mas, indiferente do que venha acontecer, os limites impostos pelas pressões independentes das escolhas humanas será pior do que se a sociedade tivesse escolhido os próprios limites. A sociedade tem que tomar consciência que a tecnologia solucionará problemas, mas que desvia o foco do principal problema – o mundo é finito. E tomando consciência disto passará a tomar medidas efetivas para impedir o colapso.
Este texto não tem por finalidade passar a imagem que a tecnologia é má ou fútil ou desnecessária. Muitos dos avanços tecnológicos são necessários desde que combinados com controles deliberativos de crescimento.

‘‘NÃO UMA OPOSIÇÃO CEGA AO PROGRESSO, MAS UMA OPOSIÇÃO AO PROGRESSO CEGO’’ Sierra Club.

Comentário

Ao início desta investigação, o primeiro objetivo era obter uma visão mais clara dos limites do sistema mundial e das restrições à população humana e suas atividades, considerando que, hoje, mais que nunca, tende para o crescimento contínuo, supondo que o meio ambiente permitirá tal expansão. Objetivava-se também, explorar o grau desta atitude, em relação ao crescimento, necessidades fundamentais da sociedade em formação. Além desse intuito, pretendia-se identificar e estudar os elementos dominantes que influem no comportamento dos sistemas mundiais a longo prazo, como suas interações.
O projeto pretendia ser e é uma análise das tendências atuais, influências e possíveis resultados. O objetivo era advertir sobre a possível crise mundial oferecendo uma oportunidade para fazer mudanças em nossos sistemas políticos, econômicos e sociais com o fim de evitar que a crise aconteça.
O relatório alcançou seus objetivos, apresentados em Moscou e no Rio de Janeiro, em 1971. Os limites de crescimento que ele examina são, apenas, os mais distanciados limites físicos impostos pela limitação do sistema mundial. Ele oferece sugestões experimentais para o estado futuro do mundo, abrindo perspectivas para esforços intelectuais e práticos. Contudo, alguns pontos, suscitaram críticas:
1. Como os modelos podem acomodar somente um número limitado de variáveis, as interações estudadas são apenas parciais. Embora haja a possibilidade de alteração em apenas um lugar e verifica-se efeito em outras, essa experiência no mundo real, seria longa, dispendiosa, e alguns casos, impossível.
2. Sugeriu-se que não foi dada importância suficiente às possibilidades de progressos científicos e tecnológicos na solução de certos problemas. Contudo, concordou-se que esses desenvolvimentos viriam tarde demais para evitar um desastre demográfico ou ambiental.
3. Outros acharam que a possibilidade de se descobrirem estoque de matérias-primas, em áreas ainda não suficientemente exploradas, era maior que a admitida no modelo, o que adiaria a escassez, em vez de eliminá-la
4. Alguns consideraram o modelo muito “tecnocrático”, observando que ele não incluía fatores sociais críticos. Crítica prontamente aceita. O modelo atual considera o homem, apenas, em seu sistema material, contudo as conclusões do estudo sugerem a necessidade de uma mudança fundamental nos valores da sociedade.
Muitos críticos compartilharam a crença de que o significado essencial do projeto se encontra nos seus conceitos globais porque é pelo conhecimento dos conjuntos que se adquire conhecimento dos componentes e não vice-versa. As conclusões do estudo, embora válidas para o nosso planeta como um todo, não se aplicam, a nenhum país ou região em particular, embora os acontecimentos mundiais ocorram esporadicamente, em pontos de tensão e não generalizada ou simultaneamente, em todo o planeta.
Finalmente, pode-se considerar o relatório particularmente valioso, pois, chama a atenção para a natureza exponencial do crescimento humano, dentro de um sistema fechado. O projeto MIT dá uma explicação ponderada e sistemática para tendências, das quais o povo tem apenas um conhecimento indistinto.
As conclusões pessimistas do relatório têm sido matéria de discussão, as quais são acolhidas com prazer, visto a importância de se verificar as verdadeiras dimensões da crise e os níveis de gravidade que ela pode alcançar nas próximas décadas.
Pelas respostas do rascunho do relatório, se acredita que mais pessoas se perguntarão, se o ímpeto de crescimento atual não poderia ultrapassar a capacidade de manutenção deste planeta. Então, como os patrocinadores deste projeto o avaliam? Como uma mensagem de significação mais profunda que uma comparação de dimensões, relevante em todos os aspectos do predicamento atual da humanidade, contudo concordamos nos seguintes pontos:

1. A compreensão das restrições quantitativas do meio ambiente mundial e das conseqüências trágicas de uma ultrapassagem dos limites é essencial para a iniciação de novas maneiras de pensar.

2. Mais convencidos de que a pressão demográfica no mundo já atingiu um nível tão alto, e está distribuída de um modo tão desigual, que deve forçar a humanidade a procurar um estado de equilíbrio em nosso planeta.

3. Reconhece-se que o equilíbrio mundial somente poderá tornar-se uma realidade, caso o grupo dos chamados países em desenvolvimento tenha uma melhora substancial em relação às nações economicamente desenvolvidas, progresso alcançado através de uma estratégia global apenas.

4. Problema global do desenvolvimento está intimamente ligado a outros problemas globais e que a estratégia global deve atacar os grandes problemas, incluindo aqueles que dizem respeito à relação do homem com seu meio ambiente.

5. A complexa problemática consiste em elementos que não podem ser expressos em termos mensuráveis, no entanto, acredita-se que este método é indispensável para a compreensão da problemática.

6. Uma emenda rápida e radical na situação mundial, atualmente, desequilibrada e em perigosa deterioração é a tarefa fundamental com que se defronta a humanidade.

7. O esforço supremo é um desafio para a nossa geração e não pode ser transferido à próxima. Ele deve ser empreendido resolutamente e sem demora e uma reorientação significativa deve ser conseguida durante essa década.

8. Se a humanidade quiser tomar um novo rumo, serão necessárias medidas internacionais ajustadas e planejamento conjunto a longo prazo, em uma escala e de um alcance sem precedentes.

9. Um freio imposto à espiral do crescimento demográfico e econômico não deve levar a um congelamento do status quo de desenvolvimento econômico de todas as nações do mundo.

10. Qualquer tentativa deliberada para atingir um estado de equilíbrio racional e duradouro, através de medidas planejadas, e não por meio de acasos e catástrofes, deve ser fundamentada, em uma mudança básica de valores e objetivos em níveis individuais, nacionais e mundiais.

Contudo permanece a dúvida quanto à situação mundial: será tão séria a questão quanto apresentada? Queira que essas advertências seja apenas um modo de julgamento sombrio. Naturalmente, a atitude é de intensa preocupação, entretanto o relatório apresenta uma alternativa para o crescimento descontrolado e desastroso, com algumas idéias quanto às mudanças no plano de ação.

O conceito de uma sociedade em constante estado de equilíbrio e ecológico onde parece fácil de compreender, no entanto, trata-se de uma tarefa cheia de dificuldades e de complexidades amadoras. De qualquer forma, a transição, provavelmente, será penosa e fará exigências extremas à engenhosidade e à firmeza humana.

O clube de Roma encorajará na criação de um fórum mundial, onde os estadistas, os responsáveis pelos programas e os cientistas, possam discutir os perigos e as esperanças para o sistema global futuro, sem os constrangimentos das negociações formais intergovernamentais.

O ponto essencial da questão não é, somente, a sobrevivência da espécie humana; porém, ainda mais, a sua possibilidade de sobreviver, sem cair em então inútil de existência.

Penso e, agora, é a minha opinião, que devemos pensar sobre o escrito acima. Muito deste capítulo me fez re-considerar algumas questões sobre o papel do documento no próprio encontro em Estocolmo, em 1972. Ocorreram discussões anteriores, que foram realizadas no Rio de Janeiro e Moscou e que precisam ser recuperadas. Nesse contexto, quando ocorre a Conferência, o acirramento não foi o de momento, mas fruto de uma discussão, que pouco se tem noticias.
Se alguém souber alguma coisa ou tiver algum documento, entre, por favor, em contato comigo. Acho que vale a pena recuperarmos essa parte da história que pouco ou nada se comenta.