O conceito de Desenvolvimento sustentável não surgiu nos anos de 1990. Ele é anterior e considero uma construção social, com avanços e retrocessos que contarei, ao longo dos finais de semana em que me propus a escrever no meu blog.
Pode-se dizer que, alguns autores, consideram a publicação, em 1962, do livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, como o começo das discussões internacionais sobre o meio ambiente. No entanto, por ser um estudo acadêmico, sua importante contribuição foi restrita. Outra influência nas discussões ocorreu, em 1968, em Paris, com a Conferência Intergovernamental de Especialistas sobre as Bases Científicas para Uso e Conservação Racionais dos Recursos da Biosfera, conhecida como Conferência da Biosfera, que foi organizada pela UNESCO. Esta conferência também muito importante foi direcionada somente para os aspectos científicos da conservação da biosfera e pesquisas em Ecologia.
Considero que um dos documentos mais importantes, em termos de repercussão entre os cientistas e os governantes foi o Relatório Meadows, conhecido como Relatório do Clube de Roma e o que propõe crescimento econômico zero e influenciou, de maneira decisiva, o debate na conferência de Estocolmo. Ele não surge por um acaso.
Em 1966, Dr. Aurélio Peccei, top manager da Fiat e Olivetti e diretor da Italconsult, manifestou sua preocupação com a economia e o desejo de ter algumas respostas. Recebeu donativos da Volswagen, Ford, Olivetti e outras.
Em 1968, constituiu-se o Clube de Roma, composto por cientistas, industriais e políticos, que tinha como objetivo discutir e analisar os limites do crescimento econômico levando em conta o uso crescente dos recursos naturais.
Detectaram que os maiores problemas eram: industrialização acelerada, rápido crescimento demográfico, escassez de alimentos, esgotamento de recursos não renováveis, deterioração do meio ambiente. Tinham uma visão ecocentrica e definiam que o grande problema estava na pressão da população sobre o meio ambiente.
No ano de 1972, o grupo de pesquisadores liderado por Dennis L. Meadows publicou o estudo intitulado "Os Limites do crescimento". No estudo, fazendo uma projeção para cem anos (sem levar em conta o progresso tecnológico e a possibilidade de descoberta de novos materiais) apontou-se que, para atingir a estabilidade econômica e respeitar a finitude dos recursos naturais é necessário congelar o crescimento da população global e do capital industrial. Tal posição significava uma clara rediscussão das velhas teses de Malthus sobre os perigos do crescimento da população mundial. A tese do Crescimento Zero era um ataque direto às teorias de crescimento econômico contínuo propalados pelas teorias econômicas.
O relatório teve repercussão internacional, principalmente, no direcionamento do debate caloroso que ocorreu, no mesmo ano de 1972, na Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, conhecida como Conferência de Estocolmo, que, oportunamente, irei contar.
De maniera sucinta, as teses e conclusões básicas do grupo de pesquisadores, coordenado por Dennis Meadows (1972:20) são:
1. Se as atuais tendências de crescimento da população mundial industrialização, poluição, produção de alimentos e diminuição de recursos naturais continuarem imutáveis, os limites de crescimento neste planeta serão alcançados algum dia dentro dos próximos cem anos. O resultado mais provável será um declínio súbito e incontrolável, tanto da população quanto da capacidade industrial.
2. É possível modificar estas tendências de crescimento e formar uma condição de estabilidade ecológica e econômica que se possa manter até um futuro remoto. O estado de equilíbrio global poderá ser planejado de tal modo que as necessidades materiais básicas de cada pessoa na Terra sejam satisfeitas, e que cada pessoa tenha igual oportunidade de realizar seu potencial humano individual.
3. Se a população do mundo decidir empenhar-se em obter este segundo resultado, em vez de lutar pelo primeiro, quanto mais cedo ela começar a trabalhar para alcançá-lo, maiores serão suas possibilidades de êxito.
Surgiram, imediatamente, várias críticas em diversas áreas. Entre os teóricos que defendiam as teorias do crescimento tem-se o Prêmio Nobel em Economia, Solow, que criticou com veemência os prognósticos catastróficos do Clube de Roma (Solow, 1973 e 1974). Também intelectuais dos países subdesenvolvidos manifestaram-se de forma crítica. Assim Mahbub ul Haq (1976) levantou a tese de que as sociedades ocidentais, depois de um século de crescimento industrial acelerado, defendiam o congelamento do crescimento (desenvolvimento) com a retórica ecologista, o que atingia de forma direta os países pobres, que tendiam a continuarem pobres.
1. Se as atuais tendências de crescimento da população mundial industrialização, poluição, produção de alimentos e diminuição de recursos naturais continuarem imutáveis, os limites de crescimento neste planeta serão alcançados algum dia dentro dos próximos cem anos. O resultado mais provável será um declínio súbito e incontrolável, tanto da população quanto da capacidade industrial.
2. É possível modificar estas tendências de crescimento e formar uma condição de estabilidade ecológica e econômica que se possa manter até um futuro remoto. O estado de equilíbrio global poderá ser planejado de tal modo que as necessidades materiais básicas de cada pessoa na Terra sejam satisfeitas, e que cada pessoa tenha igual oportunidade de realizar seu potencial humano individual.
3. Se a população do mundo decidir empenhar-se em obter este segundo resultado, em vez de lutar pelo primeiro, quanto mais cedo ela começar a trabalhar para alcançá-lo, maiores serão suas possibilidades de êxito.
Surgiram, imediatamente, várias críticas em diversas áreas. Entre os teóricos que defendiam as teorias do crescimento tem-se o Prêmio Nobel em Economia, Solow, que criticou com veemência os prognósticos catastróficos do Clube de Roma (Solow, 1973 e 1974). Também intelectuais dos países subdesenvolvidos manifestaram-se de forma crítica. Assim Mahbub ul Haq (1976) levantou a tese de que as sociedades ocidentais, depois de um século de crescimento industrial acelerado, defendiam o congelamento do crescimento (desenvolvimento) com a retórica ecologista, o que atingia de forma direta os países pobres, que tendiam a continuarem pobres.
Embora tenha se passado mais de 35 anos, ainda, essa argumentação é freqüentemente levantada, claro que com argumentos mais sofisticados. Continuiam as divergências e desentendimentos no discurso global sobre a questão do crescimento (muitas vêzes, ainda confundido com desenvolvimento) e a sustentabilidade ambiental e social.
23 comentários:
Olá professora!! Meu nome é Eva e sou estudante da UFMA. Sou integrante do GEDMMA (Grupo de Estudos Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente), e é em nome do grupo que escrevo. Estamos com uma certa dificuldade em encontrar o Documento do Clube de Roma na internet.. Caso você o tenha encontrado, por favor me dê a dica. Meu e-mail é avemp@yahoo.com.br
Desde já, agradeço a atenção!
Um abraço!
Ola...
Assim como a colega Eva, gostaria de saber onde encontro o documento do clube de roma na net.
Meu email é daniellypinheiro@ibest.com.br
Conto com sua atençao e desde ja agradeço.
Danielly.
Excelente explicação! Eu estava pensando em fazer um post semelhante ao seu, quando o achei. Este mês o Clube de Roma está fazendo 40 anos. Vou citar o link do seu blog no meu blog.
Um abraço!
EU QUERIA SABER MAIS SOBRE A EVOLUCAI DO CLUBE DE ROMA TENHO TREZE ANOS E TENHO QUE FAZER UM TTABALHO SOBRE ISSO VANESSA DE SOUZA SAO PAULO
O Clube de Roma existe até hoje. Continua a ser uma organização não governamental formada por cientistas, economistas, empresários, altos servidores públicos e ex-chefes de Estado. Possui 24 sedes no mundo. Tem como premissa que se pode intervir no futuro da humanidade, pois, o futuro não está pré-determinado.
O Clube de Roma tem como Presidente Internacional o Príncipe jordaniano O Hassan Bin Talal. Continua atuando no entendimento das complexidades que se expressam pelos dilemas políticos, sociais, econômicos, tecnológicos, ambientais, psicológicos e culturais que as sociedades no mundo todo enfrentam.
meu nome e Aparecida e estou fazendo um trabalho sobre o clube de roma ,mas nao encontro sait,de pesquizas vc poderia me enviar por favor.kreizedara@yahoo.com.br
Prezada Professora sou aluno de Mestrado em Regulação da Industria de energia e estou desenvolvendo a dissertação sobre a utilização do hidrogênio como vetor energetico e para contar o historico desse vetor energetico devo retomar as conclusões do Clube de Roma pois os cenários descritos no relatorio de 1968 são parecidos com os descritos atualmente, porém naquela época o que viabilizou todas as pesquisas em renováveis foi a alta do preço do petroleo e não a questão ambiental.Para que eu possa provar tal conclusão preciso ter acesse ao relatório do clube porém não consigo acha-lo na net, caso a senhora tenha o documento ou link gostaria que me enviasse.
Att,
André Paternostro
apater@hotmail.com
Olá professora!! Meu nome é Guilherme e assim como a Eva estou com uma certa dificuldade em encontrar o Documento do Clube de Roma na internet, entrei no site http://www.clubofrome.org.br/principios onde mostra um link só que infelismente ele é inválido. Caso você o tenha encontrado, por favor me dê a dica. Meu e-mail é harrygtwo@hotmail.com
Desde já, agradeço a atenção!
Um abraço!
Olá professora, meu nome é Taiene, sou aluna de engenharia civil da UFRJ e estava a estudar sobre o documento" Clube de Roma", porém surgiu uma dúvida ao ler sua explicação. Gostaria de saber se este documento não teve a ver com a publicação de um relatório revelando que o petróleo não era um recurso renovável e depois enviado aos árabes como alerta, pois os árabes possuíam boa parcela do petróleo do mundo?
Olá, eu também gostaria de ter acesso ao relatório do Clube de Roma, de 1972. Você o tem em português? Muito obrigado.
Marconi.
e-mail: tabosa_m@hotmail.com
Olá, tabém gostaria de ter acesso ao relatório do Clube de Roma. Você o tem em português?
Muito obrigado.
Marconi.
Olá Amalia, tb gostaria de ter acesso ao relatório, os limites do crescimento. Se portugues melhor ainda. Sou professor e estou tentando recuperar estes elementos históricos para uma disciplina que toca em 3º setor, rse e desenvolvimento sustentável. Grande abraço.
josebezerra@hotmait.com
Oi professora, sou aluna de eng. ambiental pela UTFPR e queria lhe parabenizar pelo ótimo texto, ele me ajudou muito no meu trabalho da faculdade, lhe garanto que lhe serão dados os merecidos créditos, muito obrigada!
Olá Professora!
Sou formanda do cruso de Química pela Universidade Estadual do Ceará e estou escrevendo monografia sobre educação ambiental... Também estou com dificuldades de encontrar o texto oficial do relatório os limites do crescimento.. Gostaria que, se possível, você me enviasse por e-mail... Desde já, obrigada!
Prezada Professora
Estive assitindo uma palestra do cientista Carlos Nobre, sobre as questões sobre omeio ambiente. Apesar de ser uma cientista social e conhecer as mazelas do ser humano, fiquei impressionada com as previsões apontadas por aquele senhor. Acho inclusive que ele não abriu todo o 'pacote' para não causar pânico.NO entanto, o que eu observo sempre que leio ou ouço falarem desses problemas, como é o caso do Clube de Roma, em nenhum momento vejo alguém reportar-se ao sistema, ou à necessidade de superação desses sistema que, segundo entendo, é o maior causador de tudo o que se observa e as previsões catrastóficas que vêm por ai. O negócio é mesmo salvar este meio de produção falido? Atenciosamente Rosane Maria Manica Rizzi Cattani.rmmrc_f@yahoo.com.br
Ola professora !
sou aluno de controle ambiental na IFRJ e estou fazendo uma pesquisa sobre o " clube de roma " e o relatório sobre " os limites do crescimento" e gostaria de saber se vc possui alguma copia ou sequer um trecho desse relatório, desde já agradeço !!!
meu e-mail é cid_terra@yahoo.com.br ou tidy.cid@gmail.com
olá...
gostaria de saber qual a posição do Clube de Roma em relação ao desenvolvimento econômico?
obrigada,
um abraço!!!
Boa Tarde, professora! Me chamo Renan, aluno concluinte do curso de Direito da UFF, e estou escrevendo sobre Direito Internacional do Meio Ambiente, e assim como várias outras pessoas, estou com dificuldades de obter o Relatório Os limites para o crescimento(Limits to growth) do Clube de Roma, em conjunto com o MIT. Se a sra. tiver tal documento, algum link, ou indicação de livro que o contenha, e que possa me fornecer, lhe seria muito grato.
Att.
Renan Reis
Bom dia Professora,
Sou aluna de PhD e a minha tese foca-se nos Jogos Olimpicos(JO) Rio 2016.
O Comité Olimpico Internacional tem colocado cada vez mais exigências e maiores expetativas no que concerne à sustentabilidade dos JO.
Na revisão que fiz sobre sustentabilidade, me deparei com dados contraditórios. Uns afirmam que a sua origem se deu na década de 80, no Tratado de Brundtland e outros com o Clube de Roma.
A professora poderia-me ilucidar? Ou ajudar-me a ter acesso às informações do Clube de Roma?
Muito obrigada pela atenção,
Carla
carla_mpompilhohotmail.com
Prezada professora, muito obrigada pelo excelente texto. Muito rico e, ao mesmo tempo, objetivo! :-)
Ola sou estudante da faculdade uni Jorge, salvador, Bahia.
Em primeiro queria lhe parabenizar pelo incrível texto que ajudou muito na minha pesquisa.
Estou com muita dificuldade em achar o documento do clube de Roma na internet, caso à senhora tenha lhe agradeço desde já.
Grato.
Miguel Netto
miguel.netto2@gmail.com
Wesley - Boa Noite Professora. Quero agradecer me ajudo muito mais estou precisando de uma historia mais complexa quem estiver e poder me ajudar. Agradeço muito tenha uma boa noite
Email. wesleylolin@gmail.com
Olá professora agradecemos pelo seu texto e explicaçao incrivel e queriamos que você passasse para nós um resumo sobre o clube de roma :nico_ly_a@hotmail.com.
Muito Obrigada
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