domingo, 21 de fevereiro de 2010

Limites do crescimento: Clube de Roma- capítulo 1-final

Continuo com a minha proposta de reproduzir o texto "Limites do Crescimento", com todas as referências necessárias.
Não faço comentários aqui, pois, irá confundir o leitor. Deixo para outra vez.

Bem, continuo com o capitulo 1: parte final que vai da página 35 a 41.

Crescimento econômico mundial

Uma segunda quantidade que vem crescendo no mundo, até mais depressa do que a população humana, é a produção industrial. A base de análise é a expansão da produção industrial mundial desde 1930, tendo como base de referência a produção de 1963. A taxa média de crescimento de 1963 a 1968 foi de 7% ao ano, ou de 5% ao ano na base de produção per capita (Meadows, 1972, p.35-36).
Qual é o ciclo positivo de realimentação responsável pelo crescimento exponencial da produção industrial? A estrutura dinâmica é semelhante à do sistema da população. Com uma determinada quantidade de capital industrial (fábricas, caminhões, ferramentas, máquinas, etc) é possível uma certa quantidade de produção manufaturada em cada ano. O rendimento realmente produzido depende também do trabalho, das matérias-primas e de outros fatores adicionais. Por enquanto, admitiremos que estes outros fatores são suficientes, de forma que o capital fica sendo o fator limitativo da produção. (O modelo mundial inclui estes outros fatores). A maior parte da produção de cada ano é de bens de consumo, tais como têxteis, automóveis e casas, que abandonam o sistema industrial. Mas uma fração da produção é capital adicional - teares, usinas siderúrgicas e tornos pesados - que é um investimento para fazer crescer o estoque de capital. Temos aqui outro ciclo positivo de realimentação. Mais capital mais produção; uma fração constante da produção torna-se investimento; e mais investimento significa mais capital. A nova e maior reserva de capital gera ainda mais produção e assim por diante. (Meadows et alii, 1972, p.36)
Há também retardamento neste ciclo de realimentação, já que a produção de uma parte importante do capital industrial, por exemplo uma central elétrica ou uma refinaria, pode levar vários anos. (Meadows et alii, 1972, p.37)
A reserva de capital não é permanente. À medida que o capital se desgasta ou se torna obsoleto, ele é descartado. Para representarmos esta situação, precisamos introduzir no sistema de capital um ciclo negativo de realimentação, responsável pela depreciação do capital. Quanto mais capital houver, tanto mais capital se desgasta, menor será o capital do ano seguinte. Este ciclo negativo de realimentação é exatamente análogo ao ciclo da taxa de mortalidade no sistema de população. Como no sistema de população, o ciclo positivo é fortemente dominante no mundo de hoje, e a reserva de capital industrial mundial está crescendo exponencialmente (Meadows et alii, 1972, p.37).
Uma vez que a produção industrial está crescendo a 7% ao ano, e a população cresce somente a 2%, poderia parecer que os ciclos positivos de realimentação dominantes constituíssem motivo de regozijo. Uma simples extrapolação destas taxas de crescimento sugeriria que o padrão material de vida da população mundial dobrará dentro dos próximos 14 anos. Tal conclusão, contudo, muitas vezes inclui a suposição implícita de que a crescente produção industrial do mundo seja equitativamente distribuída entre todos os cidadãos. A falácia desta suposição pode ser avaliada quando se examinam as taxas de crescimento econômico per capita, de algumas nações tomadas individualmente (Meadows et alii, 1972, p.37).




Tab.2 – Taxas de crescimento econômico e populacional.
País...População. Taxa cresc.a.a. ...PNB per capita....... Taxa cresc. PNB a.a.
..... 1968 .......(1961-1968).......... 1968 ..................(1961-1968)
Rep.
Popular
da China . 730.......... 1,5............. 90 .....................0,3
India..... 524.......... 2,5............ 100 .....................1,0
URSS...... 238.. ........1,3........... 1100..................... 5,8
Est.Unidos.201 ......... 1,4 ...........3980..................... 3,4
Paquistão..123 ..........2,6............ 100..................... 3,1
Indonésia .113.......... 2,4............ 100..................... 0,8
Japão..... 101.......... 1,0 .......... 1190..................... 9,9
Brasil..... 88 ......... 3,0.. ......... 250..................... 1,6
Nigéria.... 63...........2,0 .............10 ................... -0,3
República
Federal
Alemã . .. 60 ..........1,0 ......... 1970 .................... 3,4
Fonte: World Bank Atlas, Washington, DC: International bank for Reconstruction and Development, 1970. IN (Meadows et alii, 1972, p.39)

É improvável que as taxas de crescimento relacionadas na tab.2 continuem imutáveis, mesmo até o final deste século. Muitos fatores mudarão nos próximos 30 anos. O fim dos distúrbios civis na Nigéria, por exemplo, provavelmente aumentará as taxas de crescimento econômico naquele país, ao passo que o desencadear das desordens civis seguidas da Guerra do Paquistão já interferiu no seu crescimento econômico. Reconheçamos, contudo, que as taxas de crescimento apresentadas acima são os produtos de um complicado sistema econômico e social que é essencialmente estável e onde as mudanças tendem a ocorrer lentamente, exceto em casos de intensos distúrbios sociais (Meadows et allii, 1972, p.39).
É uma simples questão de aritmética, calcular os valores extrapolados para o Produto Nacional Bruto (PNB), per capita, desde agora até o ano 2000, na suposição de que as taxas de crescimento relativo de população e PNB permanecerão aproximadamente as mesmas nestes dez países. O resultado de tal cálculo aparece na Tab.3. Os valores ali indicados têm pouca possibilidade de vir a representar a realidade. Eles não são predições. Simplesmente indicam a direção geral em que o nosso sistema, tal como é estruturado atualmente, está nos levando. Eles demonstram que o processo de crescimento econômico, como ocorre hoje, está alargando inexoravelmente a distancia absoluta entre as nações ricas e as nações pobres do mundo (Meadows et allii, 1972, p.39-40).

Tab.3 – PNB extrapolado para o ano 2000.

País................................................... PNB per capita (em dólares)
República Popular da China.................................... ........100
Índia....................................................... ..........140
URSS....................................................... ..........6330
Estados Unidos............................................. .........11000
Paquistão..............................................................250
Indonésia..............................................................130
Japão................................................................23200
Brasil.................................................................440
Nigéria.................................................................60
República Federal Alemã.................................................................5850
Baseado no dólar de 1968, sem levar em conta a inflação.
In Meadows, 1972, p.40)


A maioria das pessoas, intituitiva e corretamente, rejeita a extrapolação como as da Figura3, porque os resultados parecem ridículos. Todavia é necessário reconhecer que, ao se rejeitarem valores extrapolados, rejeita-se, igualmente, a suposição de que não haverá mudanças no sistema. Se as extrapolações na Tab.3 realmente não ocorrem, será porque foi alterado o equilíbrio entre os ciclos positivos e negativos de realimentação que determinam as taxas de crescimento de população e capital em cada nação. Fertilidade, mortalidade, a taxa de investimento de capital, a taxa de depreciação do capital, qualquer um (ou todos eles) pode sofrer alteração. Ao postularmos qualquer resultado diferente do indicado na Tab.3, devemos especificar qual destes fatores tem probabilidade de mudar, em quanto e quando. Estas são as questões que estamos apontando com o nosso modelo, não em uma base nacional, mas em uma base global e agregada (Meadows, 1972, p.40).
Para tirarmos conclusões que se aproximem da realidade sobre as futuras taxas de crescimento da população e do capital industrial, precisaremos saber algo mais sobre os outros fatores, no mundo, que atuam um sobre o outro no sistema população-capital. Para começar, faremos uma série de perguntas básicas (Meadows, 1972, p.41).
Podem as taxas de crescimento de população e de capital, apresentadas na Tab.3, ser fisicamente mantidas no mundo? Quantos habitantes podem subsistir nesta terra, em que nível de riqueza, e por quanto tempo? Para responder a estas perguntas precisamos olhar detalhadamente para aqueles sistemas que, no mundo, proporcionam o suporte físico para o crescimento da economia e da população (Meadows, 1972, p.41).

Um comentário:

Décio Luiz disse...

Oi, Amália Maria. è o Décio Luiz.
"Abrimos" o blog www.blig.ig.com.br/dlmendes e
conseguimos "espaço" no Portal Luis Nassif
www.luisnassif.com/profile/DecioLuizMendes
Temos algo pertinente a transmitir ( Cosmologia, concepção do "logos"- uma ponte entre a Ciência e a Religião -, modelo simplificado de sistema econômico - dá lugar a uma conversão da famosa tese de Ortega Y...-, economia - o futuro já começou -, etc...).
Aguardamos a sua visita.
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Desde já agradecemos.
A propósito, Ciência, para nós, é tenta tiva para se dar ao Cosmo uma explicação consistente.