domingo, 27 de setembro de 2009

Limites do crescimento: continuação do capítulo 1

Só para esclarecer, estou reproduzindo "Limites do crescimento", com todos os parágrafos referenciados.
Para acompanhar, veja os números das páginas, pois, os mesmos estão na sequência.

Crescimento da população mundial



A curva de crescimento exponencial da população mostra que, em 1650, a população era de 0,5 bilhão e estava crescendo a uma taxa de aproximadamente 0,3% ao ano. Isso corresponde a um período de duplicação de quase 250 anos. Em 1970, a população totalizava 3,6 bilhões e a txa de crescimento era de 2,1% ao ano. O período de duplicação correspondente a esta taxa de crescimento é de 33 anos. Assim, não só a população vem crescendo exponencialmente, mas a taxa de crescimento também vem aumentando. Podemos dizer que o crescimento da população tem sido “super” exponencial; a curva da população esta subindo mais rapidamente do que o faria se o crescimento fosse estritamente exponencial (Meadows et al., 1972, p.31)
A estrutura do ciclo de realimentação que representa o comportamento dinâmico do crescimento da população é mostrado abaixo:



à esquerda está o ciclo positivo de realimentação responsável pelo crescimento exponencial observado. Em uma população com fertilidade média constante, quanto maior a população mais crianças nascerão a cada ano. Quanto mais crianças tanto maior a população no ano seguinte. Depois de uma pausa, para permitir que estas crianças cresçam e se tornem pais, ainda mais crianças nascerão, aumentando a população ainda mais. Um crescimento constante continuará enquanto a fertilidade permanecer constante. Se, por exemplo, além de filhos homens, cada mulher tiver em média duas filhas mulheres e cada uma delas crescer e tiver outras duas filhas, a população dobrará em cada geração. A taxa de crescimento dependerá tanto da fertilidade média quanto da duração da pausa entre as gerações. (Meadows et al., 1972, p.31)
É claro que a fertilidade não é necessariamente constante, e no cap.III discutiremos alguns dos fatores que a fazem variar. (Meadows et al., 1972, p.31-32)
Há um outro ciclo de realimentação que governa o crescimento da população, e que é visto à direita do diagrama acima. Trata-se do ciclo negativo de realimentação. Enquanto os ciclos positivos de realimentação causam um crescimento desenfreado, os ciclos negativos de realimentação tendem a regular o crescimento e a manter um sistema em uma condição de certo modo estável. Seu comportamento é muito parecido com o de um termostato que controla a temperatura de uma sala. Se a temperatura cai, o termostato ativa o sistema de aquecimento o qual faz a temperatura subir novamente. Quando a temperatura atinge o seu limite, o termostato desliga o sistema de aquecimento e a temperatura começa a cair. Num ciclo negativo de realimentação, uma alteração em um dos elementos propaga-se em torno do circulo até que ele venha mudar aquele elemento para a direção contrária à alteração inicial (Meadows et al., 1972, p.32)
O ciclo negativo de realimentação que controla a população baseia-se na média de mortalidade, que é um reflexo da saúde geral da população. O número de mortes por ano é igual à população total multiplicada pela média de mortalidade (a qual a gente pode considerar como sendo a probabilidade média de mortes em qualquer idade). O aumento de uma população com média constante de mortalidade resultará em maior numero de mortes por ano. Um aumento no numero de mortes diminuirá a população, e assim haverá menor número de mortes, no ano seguinte. Se em média, 5% da população morrem anualmente, haverá por ano 500 mortes numa população de 10.000 habitantes. Admitindo-se, por enquanto, que não haja nascimentos, restariam 9.500 pessoas no ano seguinte. Se a probabilidade de morte for ainda 5% haverá, somente, 475 mortes nesta população diminuída, restando 9.025 pessoas. No ano seguinte haverá sometne 452 mortes. Mais uma vez, ocorre um retardamento neste ciclo de realimentação, porque a taxa de mortalidade é uma função da idade média da população. Além disso, é claro que a mortalidade, mesmo numa determinada idade, não é necessariamente constante. (Meadows et al., 1972, p.32)
Se não ouvesse mortes numa população, ela cresceria exponencialmente, em virtude do ciclo positivo de realimentação dos nascimentos. Se não houvesse nascimentos, a população declinaria até zero, por causa do ciclo negativo de realimentação das mortes. Uma vez que toda a população verdadeira está sujeita tanto a nascimentos como as mortes, bem como a uma fertilidade e uma mortalidade variáveis, o comportamento dinâmico de populações controladas por estes dois ciclos de realimentação engrenados entre si pode tornar-se bem complicado (Meadows et al., 1972, p.33)
Qual a causa do recente aumento superexponenial da população mundial? Antes da Revolução Industrial, a fertilidade e a mortalidade eram, comparativamente, altas e irregulares. A taxa de natalidade, em geral, superava, apenas levemente a taxa de mortalidade, e a população crescia exponencialmente, mas a uma taxa baixa e irregular.(Meadows et al., 1972, p.33 e35)
Em 1650, a média de duração da vida da maioria das populações no mundo era apenas de cerca de 30 anos. Desde então, a humanidade desenvolveu muitas técnicas que afetaram profundamente o sistema de crescimento da população, especialmente as taxas de mortalidade. Com a difusão da medicina moderna, de técnicas de saúde pública e de novos métodos de produção e distribuição de alimentos, as taxas de mortalidade caíram no mundo inteiro. A probabilidade média mundial de vida é, atualmente, de cerca de 53 anos, e continua aumentando. Em média mundial, o acréscimo ao nível do ciclo positivo de realimentação (fertilidade) decresceu apenas ligeiramente enquanto que o acrescimento ao nível do ciclo negativo de realimentação (mortalidade) continua decrescendo. O resultado é a crescente predominância do ciclo positivo de realimentação determinando o visível cresciemtno exponencial da população (Meadows et al., 1972, p.35)
O que dizer da população do futuro? Como podemos prolongar a curva de população através do século XXI. Teremos mais a dizer sobre isto nos caps 3 e 4. pro enquanto, podemos inferir, sem medo de errar, que devido aos retardamentos nos ciclos de realimentação controladores, especialmente no ciclo positivo de nascientos, não existe possibilidade de se nivelar a curva de crescimento da população antes do ano 2000, mesmo com as hipóteses mais otimistas sobre o decréscimo da fertilidade. Em sua maioria, os futuros pais do ano 2000 já nasceram. A menos que haja um aumento pronunciado da mortalidade, o que a humanidade, sem duvida, tentará impedir por todos os modos, podemos esperar uma população de cerca de 7 bilhoes de habitantes dentro de 30 anos. E, se continuarmos a ter êxito na redução da mortalidade, sem melhores sucessos na redução da fertilidade, que os obtidos no passado, em 60 anos haverá 4 pessoas no mundo para cada pessoa que vive hoje (Meadows et al., 1972, p.35)

Um comentário:

Anônimo disse...

Não sei se ainda posta no blog, mas de qualquer maneira muito legal de sua parte dividir esse conhecimento com as pessoas. Obrigado.