Hoje vou falar da incorporação do meio ambiente na área empresarial.
Não há dúvidas que o meio empresarial se re-organizou e internalizou a variável ambiental, em particular, como diferenciador de produtos e ou como barreira técnica.
Essa história tem um certo tempo. O programa 3P (Pollution Prevention Pays) foi lançado, em 1975, pela Companhia 3M visando desenvolver uma aplicação organizada do conceito de prevenção da
poluição. Com isso, deixa-se a ênfase de controle da poluição nas fases finais de processos para enfatizar o combate à poluição em sua origem. A prevenção passa a ser entendida como uma estratégia tanto ambiental quanto competitiva e financeira.
Não há dúvidas que o meio empresarial se re-organizou e internalizou a variável ambiental, em particular, como diferenciador de produtos e ou como barreira técnica.
Essa história tem um certo tempo. O programa 3P (Pollution Prevention Pays) foi lançado, em 1975, pela Companhia 3M visando desenvolver uma aplicação organizada do conceito de prevenção da
Ainda na década de 1970, surgem os rótulos ambientais voluntários, que atestavam que alguns alimentos tinham sido cultivados sem a utilização de agrotóxicos e contribuiram para mostrar aos consumidores a relação entre as atividades produtivas e os impactos ambientais. Em 1977, a Alemanha lança um rótulo (Blauer Angel, vou falar da rotulagem logo) como diferenciador de produto.
Pode-se perceber que havia certo movimento empresarial na área ambiental.
Além disso, antes mesmo da publicação do Relatório Nosso futuro Comum, em 1987 (que disseminou o conceito de desenvolvimento sustentável), diversos acordos e encontros aconteceram.
O princípio da precaução, contido no próprio Relatório Nosso Futuro Comum, de 1987, foi acordado na Conferência Mundial da Industria sobre a Administração Ambiental, em 1984 e aceito na Reunião do G7, em 1987. O Princípio da Precaução é entendida como oportunidade de investimentos e estudos localizados visando consumo mais eficiente de energia, criação de novas técnicas e tecnologias mais lucrativas.
Em 1986, a Câmara Internacional de Comércio (ICC) já estabelecia as diretrizes ambientais para a indústria mundial.
Em 1991 foi criado o Business Council for Sustainable Development-BCSD (Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável), um órgão ligado à ONU, com sede em Genebra. Só para frisar, a criação do BCSD foi incentivada com o convite de Maurice Strong (Secretário Geral, na Eco-92) ao empresário Stephan Schmidheiny. No mesmo ano de 1991, Schmidhiny lançou, através do próprio BCDS , o livro "Mudando o Rumo: Uma perspectiva empresarial global sobre desenvolvimento e meio ambiente", traduzido para o português, em 1992. Schmidheiny foi nomeado principal assessor para assuntos de negócios e indústria de Maurice Strong, na ECO-92.
Fonte: http://www.viversustentavel.net/Livros.php |
O Conselho criado (BCSD), hoje com 190 corporações, tem como objetivos avançar junto com a comunidade internacional de empresários nas discussões em torno do desenvolvimento industrial sustentável, estimular o empresariado mundial a cooperar com os governantes na discussão, estabelecer metas ambientais e garantir que o desenvolvimento destas propostas ocorra dentro da economia de mercado (Schmidheiny, 1992).
Em abril de 1991, na Segunda Conferência Mundial da Indústria sobre a Administração Ambiental (WICEM II) realizada em Roterdã, na Holanda, organizada pela Câmara Internacional do Comércio (ICC) houve a apresentação e assinatura da Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, proposto pela própria Câmara.
Esta carta empresarial, também conhecida como Carta de Roterdã, possui 16 princípios de gestão que expressam compromissos a serem assumidos pelas empresas, no estabelecimento de um sistema de gestão ambiental.
Vocês verão que nela está contida toda a orientação da ISO 14000.
CARTA EMPRESARIAL PARA UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
1. Prioridade empresarial
Reconhecer o gerenciamento ambiental como uma das primeiras prioridades da empresa é um fator determinante para o desenvolvimento sustentável; estabelecer políticas, programas e práticas para conduzir as operações de maneira ambientalmente sadia.
fonte:http://www.globalgarbage.org/praia/2011/11/05/reciclagem-preocupacao-antiga-problema-novo/ |
Integrar plenamente essas políticas, programas e práticas em cada ramo de atividade, como elemento essencial do gerenciamento em todas as suas funções.
3. Processo de Aperfeiçoamento
Continuar a aprimorar as políticas, programas e o desempenho ambiental da empresa, levando em conta os progressos técnicos, o avanço científico, as necessidades do consumidor e as expectativas da comunidade, tendo como ponto de partida as regulamentações legais, e aplicar os mesmos critérios ambientais no nível internacional.
4. Educação do empregado
Educar, treinar e motivar os empregados para que suas atividades sejam conduzidas de maneira ambientalmente responsável.
5. Avaliação prévia
Avaliar os impactos sobre o meio ambiente antes de iniciar uma nova atividade ou projeto, e antes de desativar instalações ou retirar-se de um local.
6. Produtos e serviços
Desenvolver e oferecer produtos ou serviços que não tenham nenhum impacto ambiental indevido e sejam seguros no uso a que se destinam, que sejam eficientes no consumo de energia e recursos materiais, e que possam ser reciclados, reutilizados ou removidos com segurança.
7. Orientação ao cliente
Aconselhar e, quando apropriado, educar os clientes, os distribuidores e o público em geral quanto à segurança no uso, transporte, armazenagem e remoção dos produtos oferecidos, aplicando as mesmas considerações à prestação de serviços.
8. Instalações e operações
Desenvolver, projetar e operar instalações e conduzir atividades levando em conta o uso eficiente da energia e matérias-primas, o uso sustentável dos recursos reutilizáveis, a minimização de impactos ambientais adversos e da geração de lixo, e a remoção segura e responsável de resíduos.
9. Pesquisa
Realizar ou apoiar pesquisas sobre os impactos ambientais de novas matérias-primas, produtos, processos, emissões e lixos associados com o empreendimento, bem como sobre os meios de minimizar quaisquer impactos adversos.
10. Abordagem cautelosaModificar o processo de produção, a comercialização ou o uso de produtos ou serviços, ou a condução, de atividades, de acordo com o conhecimento técnico e científico, para evitar séria ou irreversível degradação ambiental.
11. Fornecedores e empreiteiros
Promover a adoção destes princípios pelos empreiteiros que agem em nome da empresa, encorajando e, quando apropriado, exigindo um aprimoramento de suas práticas para torná-las coerentes com as da empresa; e encorajar a ampla adoção destes princípios pelos fornecedores.
12. Alerta para emergênciasDesenvolver e manter, quando existirem perigos significativos, planos de alerta para emergências em conjunto com os serviços emergências, as autoridades pertinentes e a comunidade local, reconhecendo potenciais impactos fora da empresa.
13. Transferência de tecnologiaContribuir com a transferência de tecnologia e métodos gerenciais ambientalmente corretos para todos os setores industriais e públicos.
14. Contribuir para o esforço comumContribuir para o desenvolvimento das políticas públicas e para os programas e iniciativas educacionais empresariais, governamentais e intergovernamentais que venham a ampliar a consciência ambiental e a proteção do meio ambiente.
15. Abertura às preocupações sociais
Promover a abertura e o diálogo com os empregados e com o público, antevendo e respondendo às suas preocupações quanto aos perigos e impactos potenciais das operações, produtos, resíduos ou serviços da empresa, incluindo aqueles que se fazem sentir fora da empresa ou em nível global.
16. Cumprir as exigências e emitir relatórios
Medir o desempenho ambiental; realizar auditorias e avaliações ambientais periódicas sobre o aumento das exigências da empresa, das normas legais e destes princípios; e oferecer e periodicamente as informações adequadas ao Conselho diretor, aos acionistas, aos empregados, às autoridades e ao público.
Com base nesses princípios, o British Standards Institute (BSI) lançou, em 1992, a norma BS 7750, que normatiza a instalação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e a sua certificação.
Seguindo o mesmo rumo, a International Organization for Standardization (ISO), após a grande aceitação da série ISO 9000 (Sistema de Gestão da Qualidade) envidou esforços para avaliar a necessidade de normas internacionais para gestão ambiental. Em agosto de 1991, criou o Strategic Advisory Group on Environment (SAGE), que tinha o objetivo de propor ações necessárias para a criação de um enfoque sistêmico da normalização ambiental e da certificação. (ABNT, 1995; CNI, 1995).
Essa história vou contar outro dia.
3 comentários:
Obrigado pelo texto. Estou fazendo o meu TCC sobre reuso de água e ele me ajudou quanto aos princípios da gestão ambiental.
O artigo ficou bom e eu citei na minha proposta de TCC. Obrigado.
O artigo em si é muito be
obtigado pelo texto gostei muito, é interessante demais, bjo
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