domingo, 29 de março de 2009

A primavera silenciosa (Silent Spring)

Vou falar sobre o livro A primavera silenciosa, de Rachel Carson, que me impressionou desde o começo. A introdução - Uma fábula para o amanhã – descreve uma cidade americana ficticia que, com o tempo, toda vida — desde os peixes, os pássaros, até as crianças — foi silenciadas pelos efeitos do DDT. Ela adverte que a descrição não corresponde a alguma cidade, mas que cada parte dela é a realidade de alguma cidade.
Ele é um dos livros clássicos que todos os ambientalistas, estudiosos e curiosos da causa ambiental deveriam ler.

Rachel Carson era bióloga e pesquisadora. Em 1945, diante dos testes realizados com DDT, em Maryland, perto de onde vivia, ela propôs um artigo para o Reader's Digest sobre os mesmos, que foi rejeitado. Em 1958, diante da grande mortandade de pássaros, em Cape Cod (Cabo Cod), no extremo leste de Massassuchets, resolveu tomar novamente a iniciativa de publicar em uma revista, sobre os perigos das pulverizações com o DDT. Não conseguiu publicar a sua opinião e, como pesquisadora e escritora reconhecida, decidiu publicar um livro. A Primavera Silenciosa levou quatro anos para ser terminado e seu pocket book foi publicado em 1962, pela Fawcet Crest Book e vendido a 95 centavos de dólar (tenho-o em português e quem o quiser, em meio digital, eu anexo o site, onde está gratuitamente disponível ).

Seu sucesso se deve à exposição, de maneira clara ao público, de crimes ambientais e mortes de peixes, animais silvestres, principalmente, dos pássaros (o silêncio do canto dos pássaros, na primavera), ou seja, de fatos registrados oficialmente e não divulgados ao público (conhecemos bem essa história, infelizmente, não somente com relação ao meio ambiente), cuja responsabilidade ela atribuiu aos inseticidas.

O livro é um alerta sobre a má utilização dos pesticidas e inseticidas e seus impactos sobre o meio ambiente e sobre o próprio Homem. A autora diz “nós permitimos que esses produtos químicos fossem utilizados com pouca ou nenhuma pesquisa prévia sobre seu efeito no solo, na água, animais selvagens e sobre o próprio homem”.

O foco do trabalho é o uso do DDT (Dicloro-difenil-tricloretano), produto químico sintetizado em 1874, por estudante alemão e, por um tempo, esquecido. Em 1939, as propriedades inseticidas foram descobertas pelo entomologista suíço Paul Hermann Müller, da Geigy Pharmaceutical, que ganhou o Prêmio Nobel da Medicina, em 1948, devido ao uso do DDT no combate à malária.
Foi usado na II Guerra mundial para matar insetos que atacavam os soldados e podiam causar o tifo e para combater o piolho. Seu uso se estendeu a agropecuária, devido ao baixo preço e eficiência. Na África para largamente utilizado para combater o mosquito transmissor da malária (o mosquito Anopheles)
Carson demonstra que o DDT contribuia para a extinção de algumas espécies de pássaros, tais como o falcão peregrino e a águia careca, animal símbolo dos EUA e, ambos, topos da cadeia alimentar.
Ela mostrou que existia uma real possibidade de correlação de doenças crônicas com a aplicação do DDT. Estes residuos passavam a fazer parte da cadeia alimentar. Os resíduos de inseticidas organoclorados acumulavam-se nos tecidos gordurosos dos animais, inclusive do homem, o que poderia provocar câncer e dano genético. Absorvido pela pele ou nos alimentos, o acúmulo de DDT no organismo humano está relacionado com doenças do fígado, como a cirrose e o câncer.

Além da penetração do DDT na cadeia alimentar, Rachel mostrou que uma única aplicação de DDT em uma lavoura matava insetos por semanas e meses e atingia um número incontável de outras espécies, permanecendo tóxico no ambiente mesmo com sua diluição pela chuva.Resíduos do pesticida foram encontrados no leite de vaca e materno, em algumas regiões dos EUA, e em tecidos gordurosos dos pingüins e ursos polares do Ártico e em baleias da Groenlândia. Segundo o site do Gabeira, no Brasil, na década de 60, utilizava-se uma média de 1.200 gramas de inseticidas por hectare; essa média caiu para 69,5 em 1990.

O livro A Primavera Silenciosa, de grande repercussão nos EUA resultou em pressão por novas lei sobre os parlamentares. Após várias manifestações favoráveis aos etudos de Carson, o então presidente da república John Fritgerald Kennedy, convocou seu Comitê Assessor Científico e pediu investigação. O relatório foi favorável a ela. O Presidente Kennedy passou a supervisionar, com apoio do Departamento de Agricultura (USDA), o uso do DDT, até sua retirada para comercialização. No entanto, seis meses após o assassinato de Kenedy, começou a haver menor rigor e os ataques à vida pessoal de Carson. Primeiro, com a apresentação de uma carta do secretário da agricultura Ezra Taft Benson ao presidente Dwight David Eisenhower (período de 1953 a 1961), acusando-a de comunista (não se esqueçam que é a época do macartismo - Campanha radical direitista, no período de 1950 a 1954, pelo senador Joseph McCarthy e atingiu em grande escala os meios artístico e intelectual), arquivada sem provas.
Em seguida, foi acusada de ser homossexual (que desqualificava socialmente todos os acusados) devido a sua amizade com a escritora Doroty Freeman (1889-1978), que era vizinha e amiga. Enfim, as agressões tinham o objetivo de atingir moral e pessoalmente de maneira a colocar em duvidas o seu trabalho cientifico. As industrias como a Du Pont Company –fabricante do DDT e do herbicida 2,4-D - e da empresa Velsicon Chemical Company, produtora exclusiva dos inseticidas organoclorados clordano e heptacloro, fez com que utilizassem vários estratagemas no sentido de evitar a perda do mercado e de milhões. Os agricultores se opuseram energicamente, pois, defendiam que, sem inseticidas, o rendimento das colheitas diminuiria 90% .

Em 1962, com a publicação, ela compareceu a vários debates, em que era muito pressionada, embora estivesse bastante doente. Seu ultimo debate ocorreu no Comitê de Assessoramento Científico de Kennedy, em que mostrava fraqueza física. Faleceu em 14 de abril de 1964, com 56 anos, com câncer no seio que se estendeu até o fígado.
Em 1964, pressionado pela crescente pressão popular, o governo criou uma nova emenda à Lei FIFRA (Federal Inseticide, Fungicide and Rodenticide Act- Lei Federal de Inseticidas, Fungicidas & Raticidas)

Em 1980, o governo americano concedeu a Rachel Carson, in memoriam, a Presidential Medal of Freedom, a mais alta honraria concedida a civis.

Bem, Resíduos de pesticidas, especialmente organoclorados (DDT e metabólitos, BHC, aldrin, heptacloro e outros), estão nas áreas mais remotas da Terra. São transportados por grandes distâncias pelas correntes de ar e oceânicas, retidos no organismo de animais migrantes marinhos. Foram detectados nos Andes chilenos, em altitudes elevadas.

Um avanço é que, entre 4 e 10 de dezembro de 2000, na Assembléia Geral das Nações Unidas oito pesticidas foram considerados nocivos ao ambiente e à saúde e proscritos pelos países signatários, a saber: hexaclorobenzeno, endrin, dodecacloro, toxafeno, clordano, heptacloro, aldrin e dieldrin. Quanto ao DDT propôs-se que seja utilizado no controle de malária, pois países que o utilizam para este propósito, ainda necessitam de recursos e tempo para definir e implementar alternativas.

20 comentários:

Rebeca Muceniecks disse...

Olá prof. Amália
Tenho acompanhado seu blog e apreciado muito! Sou aluna do programa de mestrado em educação da UEM, e minha pesquisa aborda as políticas internacionais de educação ambiental.
Eu gostaria de saber o site que disponibiliza "A primavera silenciosa", será de grande auxílio!

Obrigada!
Rebeca

Villa Real Pousada disse...

E espantoso como uma publicação antiga é tão atual.Tenho interesse no link do livro como estudante de Gestão Ambiental.
Maria das Graças Conde

Anônimo disse...

Como vai Profª Amélia?
Meu nome é Eliane, sou profª de geografia e faço mestrado em geografia. Gostaria muito de obter o livro Primavera silenciosa. Você poderia me mandar o site?
Meu email é: eliane.mbm@hotmail.com
Desde já, agradeço. Um abraço,
Eliane.
Ah. Adorei o seu blog.

elciomontanha disse...

Sou estudante do curso Engenharia Ambiental e fiquei muito impressionado com o conteudo do livro, pois é uma obra de mais de 40 anos, mas que reflete fatos atuais.

Felipe Ribeiro Mateini disse...

Prof. Amália,

Também gostaria de receber o link para baixar o livro "Primavera Silenciosa"...

Sem mais, agradeço

Felipe Ribeiro Mateini
mateinibio@gmail.com

Karen Caroline Teixeira disse...

gente eu sei um link para esse livro!!!
http://rapidshare.com/files/161648561/P
rimavera_Silenciosa_-_Rachel_Carson_-_pt.pdf

até mais!!!

Pâmela Machado disse...

Oi professora Amália...
gostaria de receber o link
do site que disponibiliza o livro.
Estou a procura desse arquivo
pois sou aluna do curso superior
em TOXICOLOGIA (com ênfase ambiental) da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), da cidade do Rio Grande - RS.


Obrigada

pamela-machado-@hotmail.com

Unknown disse...

Profa Amália,

Parabéns pela sua análise brilhante.

Você poderia, por gentileza, me enviar o site que disponibiliza o livro "A Primavera Silenciosa" ?

Email: caroline_llima@hotmail.com

Desde já agradeço,
Caroline

Familia e Fé disse...

Ola, parabéns pelo seu blog. Não conhecia e estou gostando.
Gostaria de saber o site que disponibiliza "A primavera silenciosa".
Grato,
Élmiton

Kílvia Michelle disse...

Olá, sou estudante do curso de Eng. Ambiental e meu professor fez uma indicação do Livro Primavera Silenciosa. Também gostaria de receber o link do livro. Agradeço desde já.
Michelle Kilvia
michelle_kilvia@hotmail.com

antonia disse...

Oi professora Amália.
Conheci hj seu blog, e adorei, faço pós em educação ambiental e pesquiso a arte no ensino da educação ambiental, gostaria muito de receber o link para baixar o livro.
Grata Maria Antonia Quesada.
email antoniamais5@yahoo.com.br

antonia disse...

Gostaria de saber o site que disponibiliza "A primavera silenciosa".
Gostei muito de seu blog e encontrei informações preciosas aqui.
grata.
Maria antonia.
email antoniamais5@yahoo.com.br

Unknown disse...

Olá prof. Amália
Gostaria de saber como é que ficou a questão da utilização dos agrotóxicos aqui no Brasil durante esse período?
Obrigada!
Rafaela

Lívia Dias disse...

Olá Amália, gostaria de receber a cópia do Livro primavera silenciosa,
Você poderia me enviar?

meu email é liviadiasrj@gmail.com

Grata

Lívia

GUEDES disse...

Olá Professora AMÁLIA, após ler a síntese referênte ao livro PRIMAVERA SILÊNCIOSA fiquei interessado pelo mesmo, por isso lhe peço encarecidamente que me forneça o LINK ou SITE que disponibiliza este livro.
Sou ENGENHEIRO AMBIENTAL recém formado aqui no estado da PARAÍBA.

UM ABRAÇO!

JOÃO BATISTA

Unknown disse...

Olá professora!
Gostei muito do seu blog e encontrei muitas informações úteis.
Sou pedagoga e faço pós graduação em Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável.
Gostaria muito que me enviasse o link para baixar a obra "Primavera Silenciosa".
O meu e-mail é liginhacampos@yahoo.com.br
Grata,
Maria Lígia

Jannykelle Oliveira disse...

HUMM...Gostei muito de assunto "a primavera silenciosa"
Estudei pra uma prova do colegio por esse blog!!
Parabéns Otima pesquisa.

Anônimo disse...

Obrigado pela sinopse! Estou desenvolvendo um estudo na área e fui orientado a lê-lo. Sempre fui curioso para ler o livro citado, porém diante do que pude perceber, o livro trata-se de uma fantasia da autora e não de um caso real, o que torna-o desprezível enquanto ciência!
"A filosofia do risco zero é politicamente inadequada, socialmente suicida e cientificamente ingênua." (Claud Goellner)

Anônimo disse...

Prezada prof. Amália

Escrevo para parabenizá-la por seu BLOG.
Sou professor universitário e, em busca de informações, encontrei-as muito bem expostas.

Att

barros disse...

Muito bom o resumo, por favor me envie pocket tatibioufsp@gmail.com