domingo, 25 de janeiro de 2009

Limites do crescimento: Clube de Roma - Cont cap.4

Continuo a apresentar o capítulo 4 do Relatório do Clube de Roma ou o Relatório Meadow.

Efeitos colaterais da tecnologia

Efeito colateral segundo Dr. Garret Hardin são todos aqueles efeitos não previstos ou pelos quais não se quer passar, após um efeito principal.
No texto apresentado foram vistos os efeitos colaterais das novas técnicas, porém não pode ser levado em conta os efeitos colaterais sociais uma vez que, por se tratarem de dados não estáticos (seres humanos com vontades subjetivas), suas variações são imprevisíveis.
Um exemplo de efeito social colateral é Punjabi na Índia. Houve lá a Revolução Verde (utilização de novas variedades de sementes combinada com o uso de fertilizantes e pesticidas) que, como efeito principal, proporcionou aumento na produção, nos salários e empregos. Porém, Punjabi é uma terra de latifúndios e houve o agravamento da distribuição de terras no país. Pequenas fazendas não suportaram os aumentos dos salários e não tinham como investir nas novas sementes e alavancar a produção; ficaram ultrapassados e foram extintos do mercado. Além disso, os grandes latifundiários se capitalizaram e substituíram a mão-de-obra agrícola por máquinas. Houve o êxodo rural e o número de pobres e desnutridos no país aumentou.

Dados estatísticos do México, onde a revolução verde começou, na década de 40, oferecem outro exemplo. De 1940 a 1960, a taxa média de crescimento da produção agrícola, no México, foi de 5% ao ano. No entanto, de 1950 a 1960, o número médio de dias de trabalho de um trabalhador rural, sem terras, caiu de 194 para 100 e sua renda real decresceu de 68 dólares para 56. Além disso, 80% do aumento da produção agrícola vieram de, apenas, 3% das fazendas.
Esses efeitos sociais colaterais e inesperados não significam que a tecnologia, na revolução verde, tenha fracassado. Indicam que os efeitos sociais colaterais devem ser antecipados e interceptados antes que novas técnicas sejam adotadas em grande escala. A tecnologia pode mudar rapidamente, mas as instituições sociais, geralmente, mudam muito mais devagar e quase nunca mudam por antecipação e sim, somente. em resposta a uma ação.

Problemas sem Soluções Técnicas.
Segundo o livro Limites do Crescimento soluções técnicas são mudanças nas ciências naturais, que não exigem ou exigem pouco de mudanças nos valores humanos ou idéias de moralidade. Um exemplo disso é a construção de heliportos nos arranha-céus mais altos, muda o congestionamento das cidades para algumas pessoas, que desfrutaram da comodidade, sem interferir no valores humanos.
Mesmo com todas as soluções técnicas pode acontecer de um dia um problema não técnico impedir o crescimento da população e do capital. Um exemplo é o racismo ou a corrida armamentista, que exige medidas socio-culturais e não técnicas.

Uma escolha de limites

A tecnologia criou tanto crescimento no passado que fez ocorrer um novo fato social, em que toda a sociedade absorveu a cultura de superar os limites em vez de aprender a viver dentro deles.
Um exemplo visível de colapso em um sistema pequeno é a caça a baleias. A cada ano, por mais que se use tecnologia, o número de baleias pescadas vem caindo e caso não se aprenda a viver dentro dos limites da vida, as baleias sumirão e levarão consigo baleeiros e a indústria baleeira.
Uma alternativa é a imposição de um número de pescados anuais que possibilite a manutenção da vida gerando um ecossistema equilibrado para os humanos e a comunidade de cetáceos. Este exemplo de limite é enfrentado todos os dias pela sociedade. Os avanços tecnológicos superam os limites naturais, mas até quando (grifo meu)?
Há discordância se o crescimento populacional e de capital pararão em breve ou não, mas o que ninguém discorda é que o crescimento populacional e de capital, neste planeta, não poderá continuar para sempre.
Podem esperar até que o preço da tecnologia se torne mais caro do que os benefícios por ela trazidos, esperar pelos efeitos colaterais ou, até mesmo, pelos problemas sem soluções técnicas, mas, indiferente do que venha acontecer, os limites impostos pelas pressões independentes das escolhas humanas será pior do que se a sociedade tivesse escolhido os próprios limites. A sociedade tem que tomar consciência que a tecnologia solucionará problemas, mas que desvia o foco do principal problema – o mundo é finito. E tomando consciência disto passará a tomar medidas efetivas para impedir o colapso.
Este texto não tem por finalidade passar a imagem que a tecnologia é má ou fútil ou desnecessária. Muitos dos avanços tecnológicos são necessários desde que combinados com controles deliberativos de crescimento.

‘‘NÃO UMA OPOSIÇÃO CEGA AO PROGRESSO, MAS UMA OPOSIÇÃO AO PROGRESSO CEGO’’ Sierra Club.

Comentário

Ao início desta investigação, o primeiro objetivo era obter uma visão mais clara dos limites do sistema mundial e das restrições à população humana e suas atividades, considerando que, hoje, mais que nunca, tende para o crescimento contínuo, supondo que o meio ambiente permitirá tal expansão. Objetivava-se também, explorar o grau desta atitude, em relação ao crescimento, necessidades fundamentais da sociedade em formação. Além desse intuito, pretendia-se identificar e estudar os elementos dominantes que influem no comportamento dos sistemas mundiais a longo prazo, como suas interações.
O projeto pretendia ser e é uma análise das tendências atuais, influências e possíveis resultados. O objetivo era advertir sobre a possível crise mundial oferecendo uma oportunidade para fazer mudanças em nossos sistemas políticos, econômicos e sociais com o fim de evitar que a crise aconteça.
O relatório alcançou seus objetivos, apresentados em Moscou e no Rio de Janeiro, em 1971. Os limites de crescimento que ele examina são, apenas, os mais distanciados limites físicos impostos pela limitação do sistema mundial. Ele oferece sugestões experimentais para o estado futuro do mundo, abrindo perspectivas para esforços intelectuais e práticos. Contudo, alguns pontos, suscitaram críticas:
1. Como os modelos podem acomodar somente um número limitado de variáveis, as interações estudadas são apenas parciais. Embora haja a possibilidade de alteração em apenas um lugar e verifica-se efeito em outras, essa experiência no mundo real, seria longa, dispendiosa, e alguns casos, impossível.
2. Sugeriu-se que não foi dada importância suficiente às possibilidades de progressos científicos e tecnológicos na solução de certos problemas. Contudo, concordou-se que esses desenvolvimentos viriam tarde demais para evitar um desastre demográfico ou ambiental.
3. Outros acharam que a possibilidade de se descobrirem estoque de matérias-primas, em áreas ainda não suficientemente exploradas, era maior que a admitida no modelo, o que adiaria a escassez, em vez de eliminá-la
4. Alguns consideraram o modelo muito “tecnocrático”, observando que ele não incluía fatores sociais críticos. Crítica prontamente aceita. O modelo atual considera o homem, apenas, em seu sistema material, contudo as conclusões do estudo sugerem a necessidade de uma mudança fundamental nos valores da sociedade.
Muitos críticos compartilharam a crença de que o significado essencial do projeto se encontra nos seus conceitos globais porque é pelo conhecimento dos conjuntos que se adquire conhecimento dos componentes e não vice-versa. As conclusões do estudo, embora válidas para o nosso planeta como um todo, não se aplicam, a nenhum país ou região em particular, embora os acontecimentos mundiais ocorram esporadicamente, em pontos de tensão e não generalizada ou simultaneamente, em todo o planeta.
Finalmente, pode-se considerar o relatório particularmente valioso, pois, chama a atenção para a natureza exponencial do crescimento humano, dentro de um sistema fechado. O projeto MIT dá uma explicação ponderada e sistemática para tendências, das quais o povo tem apenas um conhecimento indistinto.
As conclusões pessimistas do relatório têm sido matéria de discussão, as quais são acolhidas com prazer, visto a importância de se verificar as verdadeiras dimensões da crise e os níveis de gravidade que ela pode alcançar nas próximas décadas.
Pelas respostas do rascunho do relatório, se acredita que mais pessoas se perguntarão, se o ímpeto de crescimento atual não poderia ultrapassar a capacidade de manutenção deste planeta. Então, como os patrocinadores deste projeto o avaliam? Como uma mensagem de significação mais profunda que uma comparação de dimensões, relevante em todos os aspectos do predicamento atual da humanidade, contudo concordamos nos seguintes pontos:

1. A compreensão das restrições quantitativas do meio ambiente mundial e das conseqüências trágicas de uma ultrapassagem dos limites é essencial para a iniciação de novas maneiras de pensar.

2. Mais convencidos de que a pressão demográfica no mundo já atingiu um nível tão alto, e está distribuída de um modo tão desigual, que deve forçar a humanidade a procurar um estado de equilíbrio em nosso planeta.

3. Reconhece-se que o equilíbrio mundial somente poderá tornar-se uma realidade, caso o grupo dos chamados países em desenvolvimento tenha uma melhora substancial em relação às nações economicamente desenvolvidas, progresso alcançado através de uma estratégia global apenas.

4. Problema global do desenvolvimento está intimamente ligado a outros problemas globais e que a estratégia global deve atacar os grandes problemas, incluindo aqueles que dizem respeito à relação do homem com seu meio ambiente.

5. A complexa problemática consiste em elementos que não podem ser expressos em termos mensuráveis, no entanto, acredita-se que este método é indispensável para a compreensão da problemática.

6. Uma emenda rápida e radical na situação mundial, atualmente, desequilibrada e em perigosa deterioração é a tarefa fundamental com que se defronta a humanidade.

7. O esforço supremo é um desafio para a nossa geração e não pode ser transferido à próxima. Ele deve ser empreendido resolutamente e sem demora e uma reorientação significativa deve ser conseguida durante essa década.

8. Se a humanidade quiser tomar um novo rumo, serão necessárias medidas internacionais ajustadas e planejamento conjunto a longo prazo, em uma escala e de um alcance sem precedentes.

9. Um freio imposto à espiral do crescimento demográfico e econômico não deve levar a um congelamento do status quo de desenvolvimento econômico de todas as nações do mundo.

10. Qualquer tentativa deliberada para atingir um estado de equilíbrio racional e duradouro, através de medidas planejadas, e não por meio de acasos e catástrofes, deve ser fundamentada, em uma mudança básica de valores e objetivos em níveis individuais, nacionais e mundiais.

Contudo permanece a dúvida quanto à situação mundial: será tão séria a questão quanto apresentada? Queira que essas advertências seja apenas um modo de julgamento sombrio. Naturalmente, a atitude é de intensa preocupação, entretanto o relatório apresenta uma alternativa para o crescimento descontrolado e desastroso, com algumas idéias quanto às mudanças no plano de ação.

O conceito de uma sociedade em constante estado de equilíbrio e ecológico onde parece fácil de compreender, no entanto, trata-se de uma tarefa cheia de dificuldades e de complexidades amadoras. De qualquer forma, a transição, provavelmente, será penosa e fará exigências extremas à engenhosidade e à firmeza humana.

O clube de Roma encorajará na criação de um fórum mundial, onde os estadistas, os responsáveis pelos programas e os cientistas, possam discutir os perigos e as esperanças para o sistema global futuro, sem os constrangimentos das negociações formais intergovernamentais.

O ponto essencial da questão não é, somente, a sobrevivência da espécie humana; porém, ainda mais, a sua possibilidade de sobreviver, sem cair em então inútil de existência.

Penso e, agora, é a minha opinião, que devemos pensar sobre o escrito acima. Muito deste capítulo me fez re-considerar algumas questões sobre o papel do documento no próprio encontro em Estocolmo, em 1972. Ocorreram discussões anteriores, que foram realizadas no Rio de Janeiro e Moscou e que precisam ser recuperadas. Nesse contexto, quando ocorre a Conferência, o acirramento não foi o de momento, mas fruto de uma discussão, que pouco se tem noticias.
Se alguém souber alguma coisa ou tiver algum documento, entre, por favor, em contato comigo. Acho que vale a pena recuperarmos essa parte da história que pouco ou nada se comenta.